Cinco anos vitoriosos e de alguma controvérsia de Scolari
Vitórias, eficiência e união do país em torno da selecção portuguesa de futebol assinalam os cinco anos de alguma controvérsia do brasileiro Luiz Felipe Scolari na liderança da equipa das "quinas".

Autor: Sérgio d'Almeida Soares - Lusa / AO online
Campeão do Mundo pelo Brasil em 2002, na Coreia e Japão, "Felipão" escreveu provavelmente as páginas mais douradas do futebol português, com a inédita presença numa final (Euro2004) e o quarto lugar no Mundial Alemanha2006, manchando, contudo, a carreira com a agressão ao sérvio Dragutinovic, no final do encontro de qualificação para o Euro2008 realizado em Alvalade.

Com apenas 10 derrotas (18 empates) em 67 jogos, Luiz Felipe Scolari, 59 anos, fez ainda Portugal unir-se em torno da selecção e acreditar no título europeu - negado pela Grécia na final da Luz (1-0) - e na conquista do campeonato do Mundo - a queda com a França nas meias-finais deixou o ar carregado de desilusão.

Exigente e controverso, Scolari, anunciado como seleccionador luso a 28 de Novembro de 2002, estreou-se com uma derrota em Génova, num particular com Itália (1-0), a 12 de Fevereiro de 2003, conseguindo depois, na estreia em Portugal (29 de Março), em pleno estádio das Antas e no primeiro jogo do luso-brasileiro Deco com a camisola das "quinas", derrotar o seu Brasil por 2-1.

Com o recorde de jogos por Portugal (67 contra os 44 de António Oliveira), golos marcados (133/102) e também de vitórias (39/26), Luiz Felipe Scolari tem, no entanto, alguns casos pouco reluzentes na sua estadia em Portugal.

Apesar de ter uma relação de grande proximidade e cumplicidade com os atletas - Luís Figo, Cristiano Ronaldo e o guarda-redes Ricardo estão no topo -, Scolari criou um foco de tensão em Portugal e sobretudo entre os adeptos portistas, quando decidiu afastar Vítor Baía das convocatórias, sem nunca explicar os motivos.

A chamada do luso-brasileiro Deco - não tanto a de Pepe, que se estreou a 21 de Novembro de 2006, com a Finlândia, no Dragão - também mereceu críticas avultadas, mas o "Sargentão" manteve-se firme, aliás, como sempre, e ofereceu triunfos e qualificações às apreciações mais negativas.

Com duas qualificações na manga (Mundial2006 e Euro2008), Luiz Felipe Scolari, neste desígnio igual a António Oliveira (Euro96 e Mundial2002), termina contrato no final de Julho, após o torneio da Áustria e Suíça, não estando de lado a possibilidade de fazer ainda o apuramento para a Mundial de 2010, na África do Sul, ou mesmo a fase final.

No sorteio de domingo para o primeiro Mundial em África, Scolari revelou desconhecer o seu futuro profissional, não fechando as portas a nova renovação de contrato com a Federação Portuguesa de Futebol, embora recentemente, no Brasil, tenha afirmado que a sua inclusão numa comissão de estudos sobre futebolistas "canarinhos" era uma possibilidade.

Luiz Felipe Scolari, vencedor, estreou 30 atletas durante estes cinco anos, com destaque para Cristiano Ronaldo, os luso-brasileiros Deco e Pepe, além de Ricardo Quaresma, Miguel Veloso ou João Moutinho, exemplos do desenvolvimento da formação lusa de futebolistas.