Cimeira de Paz pede envolvimento de “todas as partes”
Ucrânia
16 de jun. de 2024, 19:31
— Lusa/AO Online
O texto
foi apoiado pela grande maioria dos participantes e reafirma “os
princípios da soberania, da independência e da integridade territorial
de todos os Estados, incluindo a Ucrânia”.“Acreditamos
que alcançar a paz exige a participação e o diálogo entre todas as
partes”, refere a declaração do encontro, que decorreu entre sábado e
hoje nos arredores de Lucerna, na Suíça.“Decidimos,
portanto, tomar medidas concretas no futuro para envolver
representantes de todas as questões mencionadas neste comunicado final”,
acrescentam os subscritores, que defendem o cumprimento da Carta da
Organização das Nações Unidas (ONU) e do direito internacional para “uma
paz duradoura e justa”.Os signatários
pedem ainda que as instalações nucleares ucranianas sejam retiradas do
conflito e que as outras instalações devem funcionar de maneira segura e
protegida. Pedem também uma navegação
comercial “livre, plena e segura e o acesso aos portos marítimos e dos
mares Negro e Azov”, e condenam os ataques a navios mercantes nos
portos, segundo a Europa Press.“A
segurança alimentar não deve ser transformada numa arma de qualquer
tipo. Os produtos agrícolas ucranianos devem ser entregues de forma
segura e gratuita aos países terceiros interessados”, acrescentam.Mais de uma centena de delegações de vários países e entidades estiveram reunidos no sábado e hoje na estância de Burgenstock.Em
declarações aos jornalistas depois de intervir na derradeira sessão
plenária, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu o
“alargamento a novos parceiros”.“Este é um
passo, há outros passos, e nos outros passos é bom que haja o
alargamento a novos parceiros, naquela expressão que provavelmente o
comunicado vai adotar ‘all parties’ [todas as partes]. E eu acrescentei
que, em rigor, deviam ter estado já aqui neste primeiro passo, mas
poderão estar em passos seguintes”, afirmou o chefe de Estado.Questionado
sobre quem mais deve ser envolvido no processo, Marcelo, sem mencionar
explicitamente a Federação Russa, respondeu que as conversações devem
ser alargadas a “todas as partes envolvidas” diretamente no conflito.Na
sexta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu ordenar
imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kiev
começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em
2022 e renunciasse aos planos de adesão à Organização do Tratado do
Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).As
reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da
Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e
soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território,
além de Kiev pretender aderir à aliança militar.As condições colocadas por Moscovo foram rejeitadas de imediato pela Ucrânia, pelos Estados Unidos da América e pela NATO.A
conferência para a paz na Ucrânia, organizada pela Suíça na sequência
de um pedido do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, juntou
representantes de quase uma centena de países e organizações - metade
dos quais da Europa -, mas foram várias as ausências (foram dirigidos
convites a 160 delegações de todo o mundo).A
ausência de maior peso foi a da Rússia, que lançou a guerra na Ucrânia
em fevereiro de 2022. Contou com a ‘solidariedade’ de vários países, que
rejeitaram participar na cimeira dada a sua ausência, como sucedeu com a
China.