Cientistas estudaram astronauta e irmão gémeo para investigação pioneira
11 de abr. de 2019, 18:13
— Lusa/AO online
Scott Kelly passou um ano na
Estação Espacial Internacional, enquanto Mark ajudou os investigadores
agindo como contraponto ao que foi registado no corpo do seu irmão. "Este
é o começo do estudo do genoma humano no Espaço", afirmou Andrew
Feinberg, da universidade Johns Hopkins, referindo que foram criados
métodos que servirão para "mais investigação para concluir o que
acontece aos humanos" fora da Terra.Os
investigadores descobriram nas análises a Scott Kelly um aumento de
comprimento dos telómeros, estruturas que fazem parte dos cromossomas,
mas tudo voltou ao normal seis meses após o regresso à Terra. Descobriram
ainda que a vacina da gripe funciona do mesmo modo no espaço e que não
houve alterações significativas da flora intestinal do gémeo astronauta.O
estudo é descrito na edição da revista Science que será publicada na
sexta-feira e baseia-se em amostras de sangue, dados fisiológicos e
outras medições feitas com os gémeos Kelly ao longo de um período de 27
meses antes, durante e depois da missão espacial de Scott.Amostras
do astronauta foram recolhidas na estação espacial e enviadas de volta à
Terra durante um reabastecimento da estação espacial por uma nave
russa, para serem analisadas num prazo de 48 horas.As
conclusões sobre os perigos das viagens espaciais para o genoma humano
não são ainda evidentes, afirmam os cientistas, mas fazer o mesmo tipo
de estudo em astronautas de missões espaciais futuras poderá ajudar a
prever o tipo de riscos médicos que poderão enfrentar em viagens
prolongadas, sem gravidade e com exposição a raios ultra-violeta nocivos
e outros riscos para a saúde humana.Feinberg
assinalou que estudar um par de gémeos idênticos foi uma oportunidade
rara de comparar mudanças fisiológicas e genéticas mas frisou que não se
pode atribuir as mudanças apenas à viagem espacial, sendo necessário
continuar a investigação com outros astronautas.A sua equipa estudou dois tipos de glóbulos brancos e descobriu que em ambos os irmãos se verificaram alterações epigenéticas.Scott Kelly esteve a bordo da estação espacial durante 342 dias durante 2015 e 2016.