Cientistas descobrem floresta de corais negros no mar dos Açores
4 de jun. de 2021, 10:18
— Lusa/AO Online
"Nós
descobrimos zonas que podem ser comparadas às florestas de sequoias que
existem nos Estados Unidos", revelou Telmo Morato, investigador do
Instituto Okeanos, da Universidade dos Açores, durante uma conferência
de imprensa realizada na cidade da Horta, na ilha do Faial, para
apresentação dos resultados de uma campanha oceanográfica realizada a
bordo do navio holandês "Pelagia", durante as últimas duas semanas.Segundo
aquele investigador açoriano, o mar dos Açores dispõe de florestas de
corais negros semelhantes às florestas de sequoias norte-americanas,
isto de acordo com os "primeiros resultados preliminares" resultantes
das análises efetuadas durante a campanha de investigação internacional,
efetuada nos mares da região."Ainda temos
pela frente alguns meses de trabalho para processamento das amostras
recolhidas durante esta campanha", explicou Telmo Morato, recordando que
"uma hora de vídeo no mar" corresponde, normalmente, "a um dia de
trabalho em terra".Segundo este
investigador do Okeanos, as primeiras análises demonstram que estas
zonas do mar profundo, associadas à Crista Médio Atlântica, são zonas de
"grande produtividade, que albergam grandes densidades de organismos e
uma biodiversidade muito grande"."Descobrimos
e encontrámos coisas que já não pensávamos encontrar nos Açores nesta
altura, como os grandes jardins de corais negros, que podem viver vários
milhares de anos", realçou aquele investigador, considerando que este
projeto "tem sido muito benéfico para a comunidade oceanográfica".O
ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, também presente na conferência
de imprensa, entende que "é importante proteger estes habitats",
nomeadamente, os "jardins de corais negros, nesta zona do atlântico",
que considerou serem "símbolos" da biodiversidade existente nos mares da
região."É preciso investir mais e mais na
investigação oceânica", insistiu o governante, acrescentando que o
objetivo destes projetos científicos é garantir que os oceanos continuam
"saudáveis".A expedição científica
decorreu entre 18 de maio e 02 de junho, ao longo da Dorsal
Médio-Atlântica, na região dos Açores, e incluiu levantamentos
batimétricos, captação de imagens com a missão de cartografar os fundos
marinhos, identificar novas áreas que se enquadrem na definição de
ecossistemas marinhos vulneráveis e determinar o seu estado ambiental.A
expedição oceanográfica, denominada "Eurofleets+ IMAR: Avaliação
integrada da distribuição dos Ecossistemas Marinhos Vulneráveis ao longo
da Dorsal Médio-Atlântica na região dos Açores", conclui que esta zona
do arquipélago "poderá suportar mais vida e diversidade" do que estudos
anteriores apontavam.