Cientistas de Harvard e MIT nos Açores num encontro sobre linguagem de programação Julia
10 de jan. de 2024, 19:42
— Lusa
“É
o único evento mundial dedicado à observação da terra em Julia. Por
isso há uma adesão muito grande. Temos uma sala de 44 pessoas e não tem
capacidade para mais, mas havia interesse. E ‘online’ temos cerca de 200
pessoas. Isso dá uma projeção muito grande aos Açores”, adiantou, em
declarações à Lusa, o responsável pela organização do encontro, João
Pinelo, diretor de ciência de dados, computação e desenvolvimento de
‘software’ no Air Centre.Sedeado no Parque
de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), o Centro
Internacional de Investigação para o Atlântico (Air Centre) envolve
parceiros de 14 países em projetos de investigação nas áreas do espaço,
atmosfera, oceano, clima, energia e ciências dos dados.O
evento, realizado pelo segundo ano consecutivo, foca-se na linguagem de
programação Julia, criada há cerca de 10 anos no MIT, nos Estados
Unidos da América, que, segundo João Pinelo, “pode ser extremamente útil
para observação da terra”.“Somos o ponto
de encontro desta rede de observação da terra para Júlia a nível
mundial. É uma linguagem que está em desenvolvimento e o nosso objetivo é
fazer parte desse desenvolvimento”, frisou.Alguns
dos maiores especialistas nesta linguagem participam no encontro, que
termina na sexta-feira com um ‘hackathon’ (maratona de programação),
para encontrar soluções para um “problema de modelação complexo”
levantado num doutoramento na Universidade dos Açores.“Nós
convidámos um professor do MIT, especialista em matemática, em Julia e
em ‘machine learning’, precisamente para dar apoio e estimular a nossa
criatividade, a ver se arranjamos uma solução melhor do que aquela que
temos até agora”, revelou João Pinelo.Na
primeira edição, os participantes detetaram uma lacuna na linguagem de
programação Julia e, em conjunto, encontraram uma solução e apresentaram
uma versão básica de projeto, já a funcionar fisicamente.“Quando
queremos representar dados sobre um mapa, convém termos um mapa base
onde os nossos dados são projetados, para que haja referências
espaciais, para que a pessoa ao ler o mapa perceba onde são os dados.
Isso não existia para Julia. Os participantes o ano passado
espontaneamente desenvolveram isso”, lembrou o diretor de ciência de
dados.Este ano, o encontro deu início a um
projeto do Air Centre com as Nações Unidos para levar ‘workshops’ de
capacitação em observação da terra ao Brasil e à África do Sul.“O objetivo é ajudar os cientistas e os técnicos a usar Júlia”, explicou o responsável pela organização.Segundo
João Pinelo, esta linguagem é muito importante, porque é acessível e
rápida, podendo ser utilizada pelos próprios cientistas.“O
cientista desenvolve um protótipo e depois chega a uma empresa com
muitos programadores, transforma em outras linguagens, reescreve tudo e
depois funciona muito bem, mas muitas vezes é preciso voltar atrás e
refazer. Tudo isto é um processo que demora muito tempo e é muito caro.
[A linguagem] Julia permite que o cientista faça tudo até ao consumidor
final”, explicou.Para além da equipa do
Air Centre e de investigadores das universidades dos Açores e do
Algarve, participam cientistas de universidades dos Estados Unidos, da
Bélgica, da Dinamarca, da Polónia e do Brasil.Estão
também presentes representantes das Nações Unidas, da agência espacial
portuguesa e da agência espacial sul-africana, entre outras organizações
e empresas.Entre as principais áreas
representadas estão biologia, meteorologia, modelagem oceânica,
computação, engenharia aeroespacial e robótica marítima.