Cientista defende parcerias científicas com Açores mas sem “espoliar” património
11 de fev. de 2020, 09:32
— Lusa/AO Online
O investigador declarou hoje à agência Lusa
que “o material e as condições a estudar” e o “resultado das
observações”, no âmbito destas parcerias, deve permanecer na região e
não “ir para o estrangeiro, ser lá trabalhado e os resultados
publicados”.O professor da Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa - que na quinta-feira lança, na ilha
de São Miguel, o livro “Descobrimento Científico dos Açores: do vulcão
dos Capelinhos ao Instituto Universitário dos Açores - considerou que
era “interessante e importante” que a região possuísse uma outra classe
científica “mais evoluída”, com melhores laboratórios, através do
recurso a equipas internacionais, uma vez que a nível nacional estas são
reduzidas.Para o investigador em vários
centros de ciência, as áreas que em termos científicos necessitam de
maior incentivo são, por exemplo, o sector das pescas, que precisa de um
“melhor conhecimento”, a par da sismologia numa região vulcânica e da
conservação da natureza, que requer um “olhar muito atento” face à
pressão do turismo.“É fundamental
conciliar o desenvolvimento dos Açores com a conservação através do
ordenamento da paisagem e construção de edifícios”, disse, sublinhando
que existem arquitetos que projetam para a região, desconhecendo a
realidade açoriana, o que faz que com “as coisas nem sempre resultem da
melhor maneira".Sendo natural da ilha do
Faial, Luís Arruda assistiu aos 14 anos à erupção do vulcão dos
Capelinhos, em 1957, tema que visita no livro, considerando que este
evento “projetou os Açores do ponto de vista internacional em termos
científicos”, uma vez que, estando próximo da costa, “foi observado como
vulcão submarino” e, mesmo depois de terminar a sua atividade,
continuou a ser estudado, até aos dias de hoje.“O
que me marcou não foi exatamente a erupção em si do vulcão dos
Capelinhos mas, sim, um ano depois, na fase das lavas, na noite de 13
para 14 de maio, o ‘enxame’ sísmico com cerca de 300 eventos e a
destruição que causou na ilha do Faial e dos edifícios naquela zona”,
afirmou o cientista.Luís Arruda referiu
que, mesmo antes deste período, as cinzas que caíram “provocaram alguns
constrangimentos que ficaram na memória”.