Cientista da Universidade de Coimbra descobre fóssil de nova espécie de conífera
26 de dez. de 2022, 11:04
— Lusa/AO Online
O cientista do Centro de Ciências
do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC) descobriu uma nova espécie de conífera
atribuível à família Cheirolepidiaceae, anunciou a UC, numa nota de
imprensa enviada hoje à agência Lusa.“A
nova espécie Pseudofrenelopsis zlatkoi foi identificada em flora do
Cretácico Inferior do Juncal, no distrito de Leiria, tendo sido dedicada
a Zlatko Kvaček, antigo professor da Universidade de Charles, Praga,
República Checa”.Esta nova espécie
assemelha-se a uma outra cheirolepidiácea, Pseudofrenelopsis
parceramosa, mas difere por apresentar cutícula mais fina, áreas nodais
expandidas e entre-nós sulcados.“Pseudofrenelopsis
zlatkoi é caracterizada por apresentar entrenós sulcados e a sua
morfologia é espelhada na disposição das estruturas epidérmicas, tendo
geralmente cristas construídas por células epidérmicas ordinárias
alongadas”, disse, citado na mesma nota, o investigador da UC, Mário
Miguel Mendes.De acordo com o cientista, a nova espécie pertence a “uma família de coníferas já extinta – Cheirolepidiaceae”.“Os
frenelopsídeos são extremamente importantes porque, a par dos pólenes
que produzem, atribuíveis ao género Classopollis, dão indicações
ambientais muito precisas, nomeadamente, a existência de ambientes secos
e áridos”, acrescentou.Esta investigação é
centrada no estudo das floras do cretácico português, com o objetivo de
compreender a composição florística existente à época e,
consequentemente, as condições paleoclimáticas que presidiram à radiação
e diversificação das angiospérmicas. O
estudo tem vindo a ser desenvolvido em parceria com diversas
instituições internacionais, nomeadamente o Swedish Museum of Natural
History de Estocolmo, na Suécia, a Universidade de Aarhus, na Dinamarca,
a Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América, e o National
Museum Prague, na República Checa.Mário
Miguel Mendes deu ainda nota de que os trabalhos, no âmbito desta
investigação, prendem-se, fundamentalmente com o “estudo da evolução das
angiospérmicas (plantas com flor) e Portugal tem uma geologia com
características únicas que possibilitam acompanhar as principais etapas
de evolução da flora, pois, salvo algumas lacunas, estão representadas
rochas com registo fossilífero desde o proterozóico superior até ao
período atual”.Este estudo teve o
financiamento das instituições internacionais envolvidas, bem como da
sua unidade de I&D, o MARE/ARNET da Universidade de Coimbra.