Cidade celebra 30 anos da queda do muro que a dividiu por três décadas
Berlim
8 de nov. de 2019, 09:45
— Lusa/AO Online
O Presidente da Alemanha, Frank-Walter
Steinmeier, recebe em Berlim os seus homólogos da Polónia, República
Checa, Eslováquia e Hungria, para comemorar a queda do muro e “a
contribuição dos Estados da Europa central para a revolução pacífica” na
ex-República Democrática Alemã, segundo anunciou recentemente a
Presidência alemã.Os cinco chefes de
Estado entregam coroas de flores em memória das cerca de 140 pessoas que
morreram ao tentar atravessar o muro, que entre 1961 e 1989 cercou a
parte ocidental de Berlim numa distância de cerca de 165 quilómetros, e
reúnem-se de seguida junto de uma escultura erigida em 2017 em memória
da ajuda concedida pelos Estados vizinhos aos alemães do leste.As
Portas de Brandemburgo – símbolo da divisão histórica da Alemanha, que
se tornou símbolo de liberdade – serão o palco do epicentro das
comemorações populares, com um espetáculo multimédia que recordará os
eventos do dia 09 de novembro de 1989.O
muro de Berlim, que dividiu, durante 28 anos, a Alemanha em duas partes,
a República Democrática Alemã (RDA) e a República Federal Alemã (RFA),
começou a ser derrubado na noite de 09 de novembro de 1989.A
atriz e cantora Anna Loos, que tem uma história pessoal de fuga da
antiga Alemanha de Leste, foi a artista convidada para abrir a
celebração, ao lado da Banda Internacional, que reúne um coletivo de
músicos refugiados e não-refugiados, ajudados pela difusão de vozes de
pessoas que testemunharam a queda do muro.Ao
longo desta semana, a cidade alemã assistiu à divulgação de imagens
históricas e filmes sobre a Revolução Pacífica, acompanhados por
instalações sonoras que ocuparam associações de artistas, museus e
escolas.“Durante a Revolução Pacífica,
centenas de milhares de pessoas levantaram as suas vozes e contribuíram
para a queda do Muro”, escreve a organização na página oficial do
evento, que convidou as pessoas a escreverem a sua mensagem, sob o lema
“A sua visão no céu de Berlim”.Muitas
dessas mensagens aparecerão este sábado, suspensas no ar, junto às
Portas de Brandeburgo, relevando o processo de reunificação e remetendo
os espetadores para um lugar e um tempo que agora são celebrados.No
total contam-se mais de uma centena de eventos, entre eles painéis de
discussão, concertos, visitas guiadas, exibições de filmes, leituras e
produções cénicas. Através de uma
aplicação gratuita para telemóveis, criada para o efeito, a “MauAR”, é
possível visitar a cidade virtualmente antes da queda do muro.Em
Kurfürstendamm são contadas histórias de berlinenses que foram
separados por causa do muro, na Schlossplatz a atenção fica centrada nas
primeiras eleições livres e nas paredes dos edifícios da antiga sede da
Stasi, os visitantes podem ver as exigências para a abolição da polícia
secreta da então República Democrática Alemã.Uma
empresa de realidade virtual criou também uma experiência interativa
para quem visita Berlim por estes dias, permitindo sentir a ansiedade e o
nervosismo de quem se aproximava dos pontos de controlo de fronteira
entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental, numa espécie de museu
ambulante instalado dentro de um veículo automóvel.Quem
preferir, pode antes passear a pé pela cidade, com vários pontos a
assinalar a presença do muro que foi derrubado há 30 anos e que permitiu
a reunificação anunciada pelo ex-chanceler Helmut Kohl, em 1989.Em
alternativa, salas de cinema passam filmes de espionagem que remetem
para o ambiente de tensão política e militar que dominava o período de
guerra fria que se desmoronou com o muro de Berlim.