Cidadãos e empresários congratulam-se com acesso gratis à Lagoa das Furnas para locais
8 de abr. de 2018, 12:04
— AO/LUSA
Na sequência de
uma deliberação da Câmara Municipal da Povoação, de fevereiro de 2015,
os residentes nos Açores foram confrontados com um pacote de taxas que
incluía o pagamento de entrada na zona das caldeiras da Lagoa das
Furnas, da utilização das denominadas covas para fazer cozidos e do
estacionamento, apesar dos protestos de movimento cívico que se formou
na altura.Agora,
a Câmara Municipal da Povoação reviu a sua posição, tendo feito aprovar
em assembleia municipal a isenção de taxas para residentes, medida que
entrou em vigor esta semana.O
empresário Luís Quental, um dos fundadores do Movimento Lagoa das
Furnas, congratula-se com a adoção desta medida, uma vez que a autarquia
veio “dar razão” a este grupo de cidadãos, e espera que os residentes
voltem desta forma a frequentar aquele local, que passou a registar uma
presença “muito reduzida de pessoas”.Luís
Quental sustenta que “foi o Governo Regional que deu uma orientação" ao
município para abandonar as taxas para residentes, como aconteceu em
outros monumentos naturais dos Açores, como a Caldeira Velha, por
exemplo.Para o
empresário ligado ao típico bolo lêvedo das Furnas, “não faz sentido,
numa região com tão elevado número de pobres e de subsidiodependentes,
com alta taxa de beneficiários do Rendimento Social de Inserção e de
desemprego, estar a cobrar o acesso a espaços que são públicos”.O
empresário lamenta que tenha acontecido no local “tudo o que se previa”
e diz ter “sérias dúvidas que o espaço volte a ter a atratividade que
tinha antes da implementação das taxas”, tendo-se “destruído, assim,
valor económico para a freguesia”.Com
esta decisão do município, os turistas vêm agravadas as taxas para
usufruir da Lagoa das Furnas, o que, para o Movimento, não irá ser
penalizante, uma vez que estão habituados a pagar nas suas viagens.Por
seu lado, Rui Vasco, responsável por um dos restaurantes com maior
dimensão no vale das Furnas, considera que a alteração das taxas agora
introduzida “vai prejudicar um pouco, indiretamente”, a restauração
local das Furnas, que tem no cozido a sua estrela gastronómica.Sendo
contra o pagamento de taxas de entrada e a favor da taxação do
estacionamento e serviços como os sanitários, o empresário defende
“organização no local”, lamentando que os valores resultantes das taxas
não estejam a ser aplicados na Lagoa das Furnas.António
Arruda, proprietário de outro restaurante nas Furnas, é apologista das
taxas sobre os turistas, que estão habituados a pagar para aceder a
monumentos e locais nas suas viagens, sendo esta uma “mais valia para a
Câmara Municipal da Povoação”, que poderá ainda criar postos de
trabalho.Segundo
o funcionário da Câmara Municipal da Povoação e responsável pela gestão
da Lagoa das Furnas, Milton Tavares, a reação ao novo regime de taxas
tem sido “muito positiva” por parte de locais e turistas, que totalizam
cerca de 400 entradas diárias desde 01 de abril, reconhecendo que o
grande volume de entradas é assegurado por pessoas exteriores aos
Açores.De
acordo com a Câmara Municipal da Povoação, a receita das taxas, a par de
"algum do orçamento" do município, será aplicada “em novos
investimentos naquela zona", para a qual se está a projetar, "caso seja
possível, duas vias de entrada para melhor fluir o trânsito,
especialmente nas horas de ponta"."Muito
em breve será colocado mais equipamento de mobiliário urbano,
nomeadamente bancos de jardim e, num futuro próximo, serão renovadas as
casas de banho da área", refere o município.