China promete mais abertura face a acusações de que se isolou do resto do mundo
17 de out. de 2022, 14:00
— Lusa/AO Online
“Houve
alguns mal-entendidos sobre o nosso novo padrão de desenvolvimento, que
é focado na economia doméstica, mas que mantém uma interação positiva
com os mercados internacionais”, defendeu o vice-diretor da Comissão
Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), o órgão máximo chinês de
planificação económica, Zhao Chenxin, à margem do 20.º Congresso do
Partido Comunista chinês, que se realiza esta semana, em Pequim.“É
um erro pensar que, ao focar-se na economia doméstica, a China vai
reduzir os seus esforços de abertura ou tornar-se numa economia
‘auto-suficiente’”, apontou.Zhao
considerou que a globalização económica é uma “tendência irreversível” e
que o país asiático está “profundamente integrado com a economia global
e o sistema internacional”.“As indústrias
da China e de muitos outros países estão altamente interconectadas e
são interdependentes”, descreveu. A China precisa agora de um
“desenvolvimento de maior qualidade e mais eficiente, justo, sustentável
e seguro”, apontou.Zhao assegurou que
Pequim “vai intensificar ainda mais os esforços para incentivar o
investimento estrangeiro”, e que a economia do país asiático, que
divulga na terça-feira os dados do crescimento do PIB no terceiro
trimestre do ano, “registou uma tendência de recuperação notável”.As
declarações surgem numa altura em que os Estados Unidos baniram o país
asiático de importar ‘chips’ semicondutores com tecnologia
norte-americana e que a Câmara de Comércio da União Europeia em Pequim
acusou as autoridades chinesas de “promoverem a ideologia, em detrimento
do crescimento” e "isolarem” o país do resto do mundo.Num
relatório difundido no mês passado, o grupo empresarial alertou que o
"envolvimento das empresas europeias [na China] não pode mais ser dado
como certo", acrescentando que a China está a perder rapidamente o
"fascínio como destino de investimento" e que a China e a União Europeia
se estão a "afastar cada vez mais".O
alerta foi emitido numa altura em que a UE reavalia a relação económica e
política com a China. Bruxelas e Pequim chegaram a um impasse na
aprovação de um acordo comercial, após a imposição de sanções, devido à
detenção em massa de membros da minoria étnica chinesa de origem
muçulmana uigur, na região chinesa de Xinjiang.A
estratégia chinesa de 'zero casos' de covid-19 tornou também quase
impossível visitar a China e levou a um êxodo de funcionários
estrangeiros do país. Desde o início da pandemia do novo coronavírus,
nenhuma nova empresa da UE entrou no mercado chinês, segundo a câmara de
comércio.As constantes interrupções nas
cadeias de fornecimento, fruto das medidas de confinamento, e, em menor
grau, a perspetiva de que a China invada Taiwan, levaram as empresas a
diversificar fornecedores e a redirecionar investimentos. As empresas
estão a avaliar como trazer a produção para casa ou para países aliados.A
invasão russa da Ucrânia e as sanções subsequentes também suscitaram
preocupação entre as empresas da UE, que temem que os seus investimentos
na China sofram, caso Pequim invada Taiwan.Num
inquérito realizado pela câmara europeia, em abril, um terço dos
entrevistados disse que a guerra na Ucrânia tornou a China um destino de
investimento menos atraente.