Chega só decide votação depois de conhecer programa e composição do Governo Regional
19 de fev. de 2024, 18:22
— Lusa
“Eu
não conheço o Programa do Governo, eu não conheço os elementos do
Governo, não me posso pronunciar sobre uma coisa que eu não conheço.
Lamento que o PS o tenha feito”, afirmou, em declarações aos
jornalistas.José Pacheco falava em Angra
do Heroísmo, na ilha Terceira, à saída de uma audição com o
representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro
Catarino.A coligação PSD/CDS/PPM venceu as
eleições regionais, no dia 04, com 43,56% dos votos, mas elegeu 26 dos
57 deputados da Assembleia Legislativa, precisando de mais três para ter
maioria absoluta.Na noite eleitoral, José
Pacheco disse que só viabilizaria o Programa do Governo se integrasse o
executivo e se CDS-PP e PPM ficassem fora, mas o líder do PSD/Açores,
José Manuel Bolieiro, insistiu hoje que pretendia formar um governo de
maioria relativa, sem acordos com outros partidos. À saída do encontro com Pedro Catarino, o líder regional do Chega defendeu que os Açores precisam de “estabilidade”.“Queremos
estabilidade nos Açores, estamos abertos ao diálogo, a construir uma
solução governativa, em que o Chega também tem alguma participação, de
forma bastante positiva e rejeitamos qualquer coligação negativa para
derrubar qualquer governo”, adiantou.Confrontado
com o facto de o líder do PSD/Açores já ter dito que não iria negociar
com o Chega, José Pacheco ressalvou que ainda não recebeu essa
informação formalmente.“Eu não costumo
tomar posições pela comunicação social ou pelas redes sociais, eu tenho
posições com os meus colegas de partido e com aquilo que formalmente nos
for dito. Até à data não nos foi dito nada”, apontou.Se
José Manuel Bolieiro não o contactar, o líder do Chega/Açores adiantou
que reunirá a direção regional do partido e tomará “uma decisão, que
garantidamente será de força”.“Alguém está
à espera que vamos chegar ao parlamento e o Chega vai aprovar, com a
chantagem da coligação, para o bem dos Açores? Para o bem dos Açores não
é fazer as coisas como se quer, isso tem um nome, chama-se ditadura.
Nós não aceitamos ditadura”, assegurou.Questionado
sobre se admitia abster-se na votação do Programa do Governo, se não
integrar o executivo, José Pacheco respondeu: “Admitimos tudo. Depende
muito do que vamos ter na frente, que Programa de Governo vamos ter na
frente, que elementos governativos vão ocupar as secretarias”.“Eu
não posso votar um programa de governo que vá contra o nosso manifesto
eleitoral, isso seria contra natura, seria enganar os eleitores. Se
estão a tentar forçar eleições, vão ficar com essa responsabilidade”,
acrescentou.Quanto à exigência de ter
CDS-PP e PPM fora do executivo, o dirigente do Chega garantiu que não
tem qualquer problema com os dois partidos, mas tem “um problema muito
grave com os dois senhores que lá estão [líderes regionais dos
partidos], que a única coisa que fizeram foi usar os Açores para se
governarem, não foi para governar os Açores”.“Onde
é que eles estiveram na campanha eleitoral? Em São Miguel,
especialmente, não os vi. Andaram aí escondidos. Porquê? Porque sabiam
que eram tóxicos para a governação e para a campanha”, salientou.No
entanto, José Pacheco também teceu duras críticas ao secretário
regional das Pescas, indicado pelo PPM, mas não líder do partido, e
quando questionado sobre se admitia formar governo com outros dirigentes
dos dois partidos disse: “eu admito tudo e mais alguma coisa”.“Se acham que eu vou pôr a fasquia pelo chão, não", acrescentou.