Chega recomenda fim do apoio do partido ao Governo dos Açores
17 de nov. de 2021, 17:22
— Lusa/AO Online
Em conferência de imprensa, André Ventura
justificou a retirada de apoio ao Governo açoriano com a postura
manifestada reiteradamente pelo líder do PSD, Rui Rio, de rejeitar
acordos pós-eleitorais com o Chega. O
Chega “retirar-se-á, segundo sugestão da Direção Nacional, do Governo
regional dos Açores, do seu apoio de quadro parlamentar, que neste
momento existe na região autónoma”, disse. “A
direção nacional do Chega e eu, como seu presidente eleito nas últimas
eleições diretas, daremos instruções para que cesse o apoio do Chega ao
Governo regional dos Açores. As instruções que daremos são de que o
Chega deixe de suportar já neste orçamento o Governo regional dos
Açores”, afirmou. Apesar disso, André
Ventura salientou que falta ainda que o Chega Açores, por tratar-se de
uma estrutura autónoma, dê seguimento à recomendação da Direção Nacional
do partido, e anunciou que, na sexta-feira, haverá uma conferência de
imprensa em Ponta Delgada na qual o deputado único do partido, José
Pacheco, anunciará se retira o apoio ao Governo regional. “Quero
deixar claro para os militantes, para os dirigentes e para todos, que a
recomendação do Chega Nacional, da sua direção e do seu presidente, é
de que o Governo regional dos Açores não continue a obter o apoio do
Chega, nem a nível orçamental, nem a nível das grandes opções do plano
regional”, afirmou. André Ventura
justificou a decisão da direção nacional do partido abordando a posição
reiterada por Rui Rio de que abdicaria de formar Governo caso dependesse
do Chega.Segundo Ventura, “é
insustentável que um partido com entendimentos pontuais, regionais ou
autárquicos, possa continuar a sustentar esses apoios depois destas
palavras de um líder nacional”. “Foram
semanas, consistentes e contínuas, de ataque ao programa do Chega, à sua
natureza, ao seu presidente e aos seus militantes, foram semanas e
semanas, (…) em que Rui Rio optou por manter o nível de confronto, de
hostilização e de humilhação do Chega. (…) Ou há linhas de uma
plataforma de entendimento ou há linhas de absolutamente nada”, referiu.André
Ventura salientou assim que o líder social-democrata "não merece a
consideração do Chega" e o PSD "não merece qualquer apoio a nível local,
regional, ou de outro âmbito". O líder do
Chega criticou ainda o Governo regional dos Açores por não ter
respeitado os “múltiplos avisos” do partido, elencando questões como o
“tamanho” do executivo da região autónoma, “os múltiplos avisos em
relação à fiscalização do RSI”, “o gabinete anticorrupção, que foi
delineado como uma exigência fundamental e que não avançou nem sequer do
papel para a frente” e o “investimento absolutamente alucinante na
companhia aérea açoriana” que disse estar previsto no orçamento da
região autónoma. “O Chega não deseja
eleições nos Açores, e o Chega não deseja nenhum quadro de
instabilidade, mas o que basta, basta”, salientou. Questionado
pelos jornalistas sobre se o deputado José Pacheco poderá não seguir a
orientação da direção nacional, André Ventura afirmou que acha que “não
há essa possibilidade” e frisou que, no contacto que tem tido “com as
estruturas do Chega Açores, com o seu grupo de parlamento e dirigentes”,
“há um sentimento consistente e coerente de insatisfação a um nível
praticamente absoluto”. “Esta é a
orientação que damos, caso isso não seja respeitado, ou não seja
atendido, há mecanismos que o partido tem para fazer face a isso. Mas
todos os sinais que temos neste momento (…) são de que há uma
coincidência perfeita entre aquilo que aqui estamos a dizer e aquilo que
se passa neste momento no Governo regional dos Açores”, disse.