Chega quer acabar com proibição do uso de glifosato nos Açores
9 de dez. de 2024, 18:05
— Lusa/AO Online
A intenção
do Chega é permitir, de forma eficaz, a limpeza das bermas das estradas
e a utilização de glifosato na agricultura, uma vez que, segundo o
partido, “não há nenhum argumento científico que diga que o produto é
tóxico, em termos cancerígenos”, acrescentando que o setor ambientalista
“está a laborar numa mentira”.A
utilização de herbicida com glifosato foi proibida pela Assembleia
Legislativa Regional em 2019, por proposta do PS, quando os socialistas
tinham maioria absoluta no parlamento e lideravam também o executivo
regional, presidido, na altura, por Vasco Cordeiro.Francisco
Lima, deputado do Chega, disse à Lusa que o partido quer agora revogar o
diploma, por entender que essa proibição representa “um ambientalismo
simplório” e “um radicalismo bacoco”, com o qual não se identifica, e
lembrou que foi a Comissão Europeia que renovou, em 2023, por mais 10
anos, a autorização para que se possa utilizar herbicida com glifosato
em toda a Europa.A proposta do Chega vai
ser discutida no plenário da Assembleia regional já esta semana e o
partido espera ter o apoio parlamentar do PSD, do CDS-PP e do PPM
(partidos que formam o Governo Regional), para alterar a lei.A
revogação do diploma, proposta pelo Chega, conta com o apoio do Centro
de Biotecnologia da Universidade dos Açores, que refere, num parecer
enviado ao parlamento, que o glifosato deve ser aplicado “nas
concentrações recomendadas” e com as devidas precauções.O
parecer, que é acompanhado também pelo Conselho Regional da Ordem dos
Médicos, defende que, quando aplicado o herbicida em espaços públicos,
devem os mesmos ser vedados, por um período de, pelo menos uma hora, e
que se evite aplicar o glifosato junto de escolas, parques infantis,
unidades de saúde e lares de idosos.A maioria dos pareceres recolhidos pela Assembleia Legislativa dos Açores é contra o levantamento desta proibição.Patrícia
Garcia, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade dos Açores, discorda claramente da proposta do Chega e
considera que, por precaução, se deve manter a proibição do uso de
herbicidas com glifosato na região, tendo em conta os riscos que o
produto apresenta para a saúde pública.O
mesmo dizem as associações ambientalistas, “Amigos dos Açores”,
“Azorica” e da “Gê-Questa”, bem como a maioria dos conselhos de ilha da
região, também ouvidos sobre esta matéria.A
sessão legislativa de dezembro inclui ainda a discussão de uma proposta
do Bloco de Esquerda, que defende a criação de um programa de apoio aos
estudantes do ensino superior e ensino profissional, e também uma
proposta do PAN, que quer alterar a orgânica do Serviço Regional de
Proteção Civil, no sentido de permitir que a Associação Nacional de
Bombeiros possa integrar o Conselho Regional de Bombeiros dos Açores.