Chega propõe comissão parlamentar de inquérito sobre alegadas fraudes em Pedrógão Grande
24 de dez. de 2019, 10:13
— Lusa/AO Online
Segundo comunicado do Chega, deu hoje
entrada na Assembleia da República um pedido do deputado André Ventura
para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre as
alegadas fraudes em torno dos apoios para a reconstrução das casas
afetadas pelos incêndios de Pedrógão Grande, em 2017.O
deputado acredita que, com esta ferramenta, seja "feita uma
esclarecedora reflexão e avaliação daquele que é o papel e a
participação das instituições envolvidas na polémica".No
comunicado, apesar de reconhecer que já se realizaram "várias audições
parlamentares" sobre o assunto, André Ventura considerou que essas
audições "terminaram sem conclusões", competindo aos diversos órgãos de
soberania do Estado garantir "a devida investigação e apuramento de
eventuais responsabilidades"."É vontade do
Chega que seja constituída uma comissão parlamentar de inquérito com a
finalidade de se apurar tudo sobre o caso das alegadas fraudes
registadas na atribuição dos referidos subsídios", defende o deputado.A
situação, salienta André Ventura, "levou a Polícia Judiciária (PJ) a
abrir um inquérito aos apoios em causa - que se enquadravam no fundo
Revita - que culminou com a constituição de 44 arguidos".Dos
44 arguidos inicialmente constituídos no âmbito da investigação da PJ, o
Ministério Público apenas deduziu acusação contra 28, determinando o
arquivamento ou separação de processos para os restantes 16.A
acusação, anunciada em julho, refere-se à prática de 20 crimes de
burla, 20 crimes de prevaricação de titular de cargo político, 20 crimes
de falsificação de documentos, um crime de falsidade informática e um
crime de falsas declarações.O pedido de
constituição de comissão parlamentar do Chega surge poucos dias depois
de os deputados terem debatido, em reunião plenária, uma petição que
solicitava a abertura de um inquérito parlamentar sobre a utilização dos
apoios prestados às vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, que foi
entregue à Assembleia da República em setembro de 2018, com 4.008
assinaturas, antes da acusação do Ministério Público. Nessa
reunião, o PS rejeitou o pedido, considerando que o "Ministério Público
e a Polícia Judiciária são as entidades competentes para essa tarefa de
investigação".No mesmo plenário, o PCP
também entendeu que "as questões de justiça devem ser tratadas pela
justiça" e o Bloco de Esquerda defendeu que a Assembleia da República
não pode substituir o trabalho das instâncias judiciais que estão a
investigar o caso.O
regime jurídico dos inquéritos parlamentares prevê que estes são
efetuados através de uma comissão eventual constituída para esse efeito,
"mediante deliberação expressa do plenário tomada até ao 15.º dia
posterior à publicação do respetivo projeto no Diário da Assembleia da
República ou à sua distribuição em folhas avulsas" e "a requerimento de
um quinto dos deputados em efetividade de funções até ao limite de um
deputado e por sessão legislativa".Este
regime, que está publicado na página da Assembleia da República na
internet, estabelece que, no caso de se tratar de um requerimento de um
quinto dos deputados em efetividade de funções, a comissão é
obrigatoriamente constituída.