Chega diz que “não há governo para ninguém” com CDS e PPM
5 de fev. de 2024, 00:42
— Lusa/AO Online
“Numa sala em que estejam Artur Lima e Paulo
Estêvão, José Pacheco não entra. Sabem como é que se diz aqui em São
Miguel? Desengatem-se. Ou então liguem para [o Presidente da República]
Marcelo Rebelo de Sousa e marque novamente eleições”, afirmou José
Pacheco, referindo-se aos líderes regionais do CDS-PP, Artur Lima, e do
PPM, Paulo Estêvão, respetivamente. Segundo
o dirigente - um dos cinco deputados regionais obtidos pelo Chega nas
eleições de domingo, que a coligação PSD/CDS-PP/PPM ganhou sem maioria
absoluta -, uma governação tem de ser levada com seriedade e os dois
líderes partidários “não são sérios”.“Não
há governo para ninguém com aqueles dois senhores. Em política, andar às
cavalitas dos outros é a coisa mais feia que existe […]. Há aqui um
erro muito grave do PSD de dar boleia”, afirmou, já em resposta a
perguntas da comunicação social.Repetindo
que só conversará com o PSD, como tinha já dito na campanha, embora sem
afastar de forma declarada a presença dos outros partidos no executivo,
José Pacheco rejeitou a possibilidade de entendimentos de incidência
parlamentar e disse, numa alusão à coligação, que “o problema dos outros
sócios é um problema do PSD”.“Foram eles
que compraram essa sociedade, nós não temos acordos com mais ninguém.
Estamos disponíveis para negociar com o PSD, não estamos disponíveis
para negociar com os outros dois partidos, que não representam ninguém”,
declarou.Em 2020, quando o PS venceu as
regionais mas perdeu a maioria absoluta, PSD, CDS-PP e PPM conseguiram
constituir uma solução alternativa e formar governo, apoiados por
entendimentos parlamentares da coligação com o Chega (dois deputados) e
dos sociais-democratas com a IL (um deputado). Em
2023, já reduzido a um deputado, José Pacheco (o outro tornou-se
independente), o partido absteve-se na votação do Plano e Orçamento para
2024, que acabou chumbado, e alegou o incumprimento dos compromissos
assumidos.Uma vez que a coligação ficou
agora a três deputados da maioria absoluta (para isso são necessários 29
dos 57 assentos do hemiciclo) e o Chega conseguiu os cinco que lhe
permitiriam ultrapassar essa linha, José Pacheco considerou haver motivo
para existirem negociações.A crise na
habitação, a pobreza dos idosos e “a falta de oportunidade dos mais
jovens” estão entre os problemas que o partido quer ver em cima da mesa e
foram já definidos objetivos como uma maior redistribuição da riqueza,
auditorias a várias autarquias e instituições, o combate à corrupção e à
fraude, a redução dos impostos e o fim do Rendimento Social de Inserção
(RSI).José Pacheco falava antes das
declarações do líder regional do PSD, José Manuel Bolieiro. O atual
presidente do Governo dos Açores e cabeça de lista por São Miguel disse
que irá governar com “uma maioria relativa”, salientando que “uma
vitória nunca é uma minoria”.Num ambiente
de festa, Pacheco lembrou o trabalho feito na assembleia, fez muitas
críticas ao estado do arquipélago e sublinhou que “o Chega faz falta à
governação dos Açores”, avisando não valer a pena falar com o partido
com ideias contrárias ao seu manifesto eleitoral.“Este é o início da conversa, preparem-se para o que vem aí. Habituem-se”, referiu.O
dirigente disse ser altura para celebrar e que qualquer cenário de
alianças tem de ser ponderado com tempo e calma, a partir de
segunda-feira, porque “os parolos é que fazem isso na noite eleitoral”.