Chega diz que documento “anuncia crise política e financeira”
OE2021
13 de out. de 2020, 14:27
— Lusa/AO Online
Ventura
classificou a proposta do Governo como “um ataque ao Serviço Nacional de
Saúde” e “ao bolso da classe média”, bem como uma “via aberta” à
corrupção, mas não quis ainda anunciar o sentido de voto do partido,
remetendo-o para depois de uma “análise mais aprofundada” e de uma
reunião da direção do Chega.“O que temos
assistido nos dois parceiros do PS é uma tentativa de saltar da cadeira
quando veem que o barco vai ao fundo e todos já perceberam que o barco
do PS, seja este ano seja no próximo, vai ao fundo”, afirmou.André
Ventura disse ainda esperar que, “a bem do regime democrático”, não se
verifique o que chamou de “deriva do PSD” em relação a esta proposta de
Orçamento do Estado para 2021.“No que
depender do Chega, a direita não virá apenas para resolver, virá para
apontar responsabilidades e apontar o dedo a quem deixou o país chegar a
esta situação”, afirmou, aproveitando para reiterar o desafio público
ao PSD para um entendimento em matéria de revisão constitucional.O
deputado único considerou que a proposta orçamental revela uma
“completa inércia” face à crise do setor privado e salientou que a
alteração prevista ao nível das retenções na fonte do IRS não
significará “uma redução de impostos, mas apenas um ajuste”.André
Ventura referiu ainda que o documento “não tem um aumento para a
dotação da luta contra a corrupção e tráfico de influências”, o que
associou à discussão - que ainda decorre no parlamento - de novas regras
para flexibilizar a contratação pública.“Está
criado um pântano à medida do PS: vêm aí milhões europeus, as regras
para contratar estão mais flexibilizadas e ao mesmo tempo diminui-se a
capacidade da Polícia Judiciária e do Ministério Público combaterem a
corrupção. Isto é muito mais grave que qualquer Novo Banco”, criticou.O
presidente do Chega considerou ainda que a proposta de OE não contém
“nenhum reforço de meios” para o Serviço Nacional de Saúde (SNS),
prevendo “apenas um levantamento” das suas necessidades.“Nunca
mais poderemos ouvir BE e PCP, se viabilizarem o Orçamento, dizer que
tem de se reforçar o SNS, porque tiveram agora essa oportunidade. Este
orçamento é um golpe no SNS”, acusou.André Ventura apontou ainda no documento a “duplicação de gastos com a Assembleia da República e a Presidência da República”.“Num
momento em que estamos a pedir às famílias que cortem despesas, vamos
gastar ainda mais dinheiro com o sistema político”, disse, dizendo
tratar-se de “uma hipocrisia política”.Face
à dotação inscrita no Orçamento do Estado para 2021 para a Presidência
da República - 32,6 milhões de euros, contra os 16,8 milhões propostos
para 2020 -, a agência Lusa contactou a Presidência da República e foi
informada por fonte de Belém de que o valor proposto e esperado para o
próximo ano era igual ao que foi orçamentado para este ano, que por sua
vez já era semelhante ao de 2019.Segundo
uma avaliação preliminar entretanto feita na Presidência da República,
parece haver um erro de soma no Mapa IV, relativo à "classificação
orgânica das despesas do subsetor da Administração Central", onde estão
indicadas as dotações para os órgãos de soberania, que resultará de uma
duplicação do orçamento de atividades.No
mesmo mapa IV da proposta de Orçamento do Estado para 2021 que o Governo
entregou na segunda-feira no parlamento, também o valor da dotação para
o Tribunal Constitucional quase duplica (de 9,7 milhões de euros para
18,8 milhões de euros), enquanto o da Assembleia da República quase
triplica (de 115,8 para mais de 320 milhões de euros), o que poderá
dever-se a idênticos erros de soma.