Chega critica proposta e acusa Governo de chantagear partidos à esquerda
OE2021
6 de out. de 2020, 16:41
— Lusa/AO Online
O
ministro das Finanças, João Leão, e o secretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, Duarte Cordeiro, estão hoje a apresentar aos partidos,
na Assembleia da República, as linhas gerais do OE2021 e o quadro
macroeconómico.No final do encontro, André
Ventura disse ter saído da reunião “sobejamente preocupado” e com “uma
mão cheia de nada”, afirmando que “não haverá mexidas no sistema
fiscal”, não está previsto “absolutamente nada” ao nível do combate ao
desemprego e também “não há uma medida de apoio social”.“Estamos
muito preocupados por saber que este orçamento, na verdade, é o
orçamento que vai manter as medidas que já vinham do orçamento
suplementar, na sua grande maioria, e que não traz nada de novo de
auxílio a quem efetivamente está a passar por momentos muito difíceis
nesta crise”, disse, indicando que a proposta “não satisfaz” o partido.O
presidente do Chega lamentou igualmente que a proposta não preveja
“medidas excecionais de apoio a determinados setores”, como as forças de
segurança, professores ou profissionais de saúde.“Como
é que algum partido de esquerda, como o PCP ou o BE, pode viabilizar
este orçamento? A única razão é terem medo de eleições”, acusou,
insistindo: “não há aqui nada de palpável, não há aqui nada de novo, não
há aqui nada de eficaz e não há aqui nada de importante para as
famílias, para os trabalhadores, para as empresas”.Na ótica do deputado, “não há nada que justifique” o voto favorável da esquerda.Se
PCP, BE ou PAN viabilizarem o orçamento, segundo André Ventura, não
poderão dizer no futuro “que falta dinheiro para o Serviço Nacional de
Saúde ou que falta dinheiro para apoio aos trabalhadores” porque
“viabilizaram o orçamento mais vergonhoso da história da democracia em
Portugal”.O deputado afirmou, de seguida,
que “o Governo está a fazer este Orçamento do Estado na base da
chantagem à esquerda” com a ameaça de eleições, porque “sabe que à
direita provavelmente não conseguirá granjear o apoio que quer”.Ventura
disse, contudo, que só anunciará o sentido de voto depois de “ter lido o
documento todo”, mas disse esperar que “isto seja revertido” na
segunda-feira, quando a proposta de OE2021 for entregue na Assembleia da
República.O presidente do Chega disse
ainda ter “quase a certeza” de que o Governo não sabe ainda quanto vai
receber da União Europeia, “não saber como há de aplicar esse dinheiro
para lá dos programas que tem definidos” e “em vez de estar preocupado
em ajudar o país a sair da crise, quer continuar a despejar dinheiro na
função pública, para garantir os votos para a sua sobrevivência”.A votação na generalidade do OE2021 está marcada para 28 de outubro e a votação final global para 27 de novembro.