André Ventura anunciou o voto contra o orçamento em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa."Não
é o nosso orçamento, não nos revemos nele. O Chega votará contra o
Orçamento do Estado de 2025", anunciou, indicando que "é um voto
irrevogável, é um voto de sinalização e é um voto que assinala a enorme
traição cometida à direita pelo primeiro-ministro". O
presidente do Chega disse não se rever no documento apresentado pelo
Governo, uma vez que "prevê aumentar a carga fiscal" e "segue a mesma
lógica dos orçamentos do PS, cobrar mais, fazer poucas mudanças,
desagravar pouco e distribuir pelos mesmos de sempre"."Este
orçamento vem na linha do pior que o PS fez - mais impostos,
distribuição do dinheiro cobrado - com a perversidade de se anunciar
amigo do contribuinte e amigo das empresas", criticou."Não é um orçamento no qual nos possamos rever", indicou.Considerando
que a proposta do Governo "paga a descida sobre impostos do rendimento
com impostos sobre o consumo", Ventura defendeu que "é uma fraude e um
logro fiscal"."É uma traição profunda à direita e ao seu eleitorado", criticou.André
Ventura acusou o Governo de ter prometido um "Orçamento do Estado de
mudança", mas ter apresentado "um orçamento de continuidade na
sobrecarga de impostos sobre as pessoas e sobre as empresas"."Este
Orçamento do Estado não produz nenhuma significativa redução fiscal,
este Orçamento do Estado tira com uma mão e dá com a outra, numa lógica
muito próxima à que António Costa e o PS tinham feito ao longo dos
últimos anos", defendeu.O líder do Chega
sustentou igualmente que no próximo ano "a receita fiscal vai aumentar
3,7%, para valores históricos acima dos 63 mil milhões de euros",
indicando que "o ISP vai garantir um aumento nas receitas do Estado e o
descongelamento da taxa de carbono, bem como das taxas de importação e
de exportação, vão significar uma brutal arrecadação de impostos
sobre os combustíveis".André Ventura disse
que o Governo se prepara para "dar no IRS aquilo que vai buscar em ISP e
nos impostos sobre os combustíveis"."É
mentir às pessoas e dizer que temos um orçamento com menos impostos
sentidos no bolso dos portugueses, mas que depois vamos tirar-lhes à
mesma nos impostos indiretos que cortam transversalmente a todos, sem
olhar a quem, dependendo do consumo que façam, desde bens essenciais ao
consumo de gasóleo e gasolina nas bombas e nas estações de serviço",
acusou.O presidente do Chega acusou ainda o
Governo de ter feito "contabilidade criativa" ao "anunciar uma descida
dos impostos sobre o rendimento e deixar que os portugueses pagassem
mais impostos indiretos para cobrir a sua contabilidade orçamental"."Os
impostos indiretos deste Orçamento do Estado são algo de perverso. Algo
que o próprio Luís Montenegro, em 2023, chamou de perversidade fiscal,
maquilhagem fiscal e contabilística. A verdade é que, à custa do
crescimento das empresas e do seu trabalho, bem como dos
trabalhadores, o Estado pensa arrecadar mais impostos para depois
distribuir por onde quer", afirmou, argumentando que "mais de 55% da
receita fiscal do próximo ano será em IVA e em impostos indiretos"."Como
é que podemos ter um Governo que disse em 2023 com o seu líder que era
preciso diminuir impostos sobre os combustíveis? Que era preciso
diminuir impostos sobre o consumo? Que a lógica da esquerda europeia de
penalizar quem anda de automóvel, quem tem que conduzir, quem tem que
consumir, era uma lógica errada?", questionou, apontando que "este
orçamento paga a descida dos impostos sobre o rendimento com os impostos
sobre o consumo e sobre os combustíveis".