Chega/Açores desafia oposição a apresentar moção de censura
9 de mar. de 2023, 17:23
— Lusa
“Deixo
o desafio: os senhores, se acham que isto é um lamaçal, que é assim tão
mau, apresentem uma moção de censura. Do que têm medo? Se não
apresentarem, o governo que apresente uma moção de confiança”, disse
José Pacheco, deputado único do Chega na Assembleia Legislativa
Regional, numa intervenção a propósito de uma declaração política do PSD
sobre a estabilidade na Educação, referindo-se ao fim da maioria
absoluta dos partidos do Governo no parlamento.Paulo
Estêvão, deputado do PPM, alertou que cabe à oposição “assumir a
responsabilidade de interromper um ciclo político” virtuoso, de
“crescimento económico”.Por seu lado, o
secretário regional das Finanças, Duarte Freitas, afirmou que “o governo
não vai lançar mais instabilidade” e “não vai apresentar uma moção de
confiança”, repetindo o que já tinha sido dito na quarta-feira pelo
presidente do executivo, José Manuel Bolieiro.“O
Governo teve a sua moção de confiança há três meses, com a aprovação do
plano e orçamento. Temos todas as condições de prosseguir este caminho.
Cumprimos – temos o endividamento zero e está em curso a privatização
da SATA Internacional. A instabilidade podia provocar o fim da SATA”,
afirmou Duarte Freitas.António Lima, do
BE, manifestou-se “solidário” com Delia Melo, a deputada do PSD que
apresentou a declaração política a destacar a estabilidade na Educação
conseguida pelo atual Governo regional, considerando que a parlamentar
viu “boicotada” a intervenção. “Toda a
gente boicotou a sua declaração, até o PPM. O Governo e os partidos que o
suportam boicotam o PSD de forma deselegante”, observou, para de
seguida recusar o cenário “cor-de-rosa ou laranja”, traçado pela
social-democrata para a Educação.O PS, através do deputado Rodolfo Franca, criticou a visão otimista da deputada do PSD para o setor.Sobre
moções, falou também Pedro Neves, do PAN, dirigindo-se a José Pacheco
para assinalar que, tendo o problema surgido do lado da maioria
parlamentar, cabe ao Governo apresentar uma moção de confiança, como
defendeu o líder nacional do Chega, André Ventura, na quarta-feira.Na
manhã de hoje no plenário da Assembleia Legislativa Regional dos
Açores, dedicada ao tratamento de assuntos políticos, os partidos
apresentaram ainda votos de congratulação e declarações políticas sobre
os abusos sexuais na Igreja Católica (PAN) e sobre pescas (PS).Na
quarta-feira, o deputado da IL, Nuno Barata, rompeu o acordo de
incidência parlamentar que tinha assinado com o PSD após as eleições de
outubro de 2020, ganhas pelo PS, justificando a decisão com o
incumprimento dos sociais-democratas.Foi
seguido pelo deputado independente (ex-Chega), Carlos Furtado, que
também se desvinculou do acordo que tinha com a coligação.Os
três partidos que integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM) têm
26 deputados na assembleia legislativa e contam agora apenas com o apoio
parlamentar do deputado do Chega, José Pacheco, somando assim 27
lugares num total de 57, pelo que perdem a maioria absoluta. A oposição
tem agora 30 deputados, quando antes tinha 28.De
acordo com o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos
Açores e com o Regimento da Assembleia Legislativa, o Governo Regional
pode solicitar ao parlamento, por uma ou mais vezes, a aprovação de uma
moção de confiança sobre a sua atuação.Uma
moção de censura ao executivo tem de ser apresentada por um quarto dos
deputados em efetividade de funções ou qualquer grupo parlamentar.A
aprovação de uma moção de censura ou a rejeição de uma moção de
confiança carecem de maioria absoluta dos deputados em efetividade de
funções.Implicam a demissão do Governo
Regional, entre outras, a rejeição do Programa do Governo, a não
aprovação de uma moção de confiança e a aprovação de uma moção de
censura.