Chega/Açores considera "vergonhoso" que República ignore necessidades das forças de segurança
14 de jan. de 2025, 16:03
— Lusa/AO Online
“É vergonhoso que a
República continue a ignorar as necessidades das forças de segurança nas
nove ilhas dos Açores, negando-lhes recursos humanos e materiais
adequados”, disse José Pacheco na declaração política que fez na sessão
legislativa de janeiro do parlamento regional, que começou na
Horta, na ilha do Faial.Para o também
líder regional do Chega, “é inaceitável que não se cumpra o mínimo
necessário para garantir a segurança” da sociedade.“Nós,
representantes do povo açoriano, não podemos aceitar que o Estado, que
tanto exige dos cidadãos, falhe nas suas próprias obrigações em matéria
de segurança. Esquadras fechadas e agentes sozinhos em ocorrências são
exemplos gritantes de falhas inaceitáveis”, afirmou.Na
declaração política sobre “A segurança ou a sua falta nos Açores”, José
Pacheco lembrou que o arquipélago é “uma das regiões com menor índice
de criminalidade do país”.“Isso poderia
transmitir uma sensação de segurança, tanto a quem aqui vive, quanto a
quem nos visita, mas certamente sabemos que não é bem assim”, referiu,
salientando que “o aumento do consumo de substâncias químicas, como as
chamadas drogas sintéticas”, são motivos de alerta.Pacheco
disse que as autoridades regionais devem estar preocupadas com os
fenómenos de criminalidade que resultam desse flagelo social e o seu
combate passa pela prevenção primária.“Outro
problema cada vez mais evidente é o aumento dos sem-abrigo e da
mendigagem (…). É necessário rever a legislação e implementar medidas
que permitam encaminhar essas pessoas para locais apropriados que já
existem”, alertou.José Pacheco também
falou da imigração, referindo que “num sábado organiza-se uma
manifestação a atacar as polícias” e, no dia seguinte, numa rixa entre
imigrantes, “há violência com armas brancas e barras de ferro”.No
debate que se seguiu, Andreia Cardoso (PS) referiu que as dependências
“são um problema naturalmente grave” nos Açores e “tem de ser feito um
trabalho de prevenção”, enquanto o problema dos sem-abrigo merece “uma
abordagem séria”.A socialista criticou
ainda algumas observações feitas pelo parlamentar do Chega relativamente
à presença dos imigrantes no território.Nuno
Barata (IL) referiu que o Chega falou da segurança dos cidadãos, dos
seus bens e das suas famílias, considerando uma questão “relevante no
momento”, não só na República, mas também no arquipélago, principalmente
na ilha de São Miguel e na cidade de Ponta Delgada, onde se têm
registado “maiores momentos de insegurança” decorrentes da problemática
das dependências.Já António Lima (BE),
apontou que o parlamentar do Chega misturou assuntos de ordem distinta,
“querendo fazer associar assuntos sociais a um sentimento de
insegurança”, e pediu ao executivo de coligação que
“não embarque nesta linha” e “em respostas repressivas”.O
social-democrata Luís Soares considerou que deve ser dada maior
importância ao assunto da segurança: “É preciso analisar o que
aconteceu, para que estejamos a baixar na tabela dos países mais seguros
no mundo”.Pedro Pinto (CDS-PP) referiu
que Portugal é um dos países mais seguros no mundo e, “não sendo
possível ter um polícia atrás de cada cidadão, haverá sempre algum tipo
de criminalidade”, não se pode “embarcar em histerismos”, porque isso
pode trazer consequências para o turismo.O
secretário regional dos Assuntos Parlamentares, Paulo Estêvão, lembrou
que a segurança é da responsabilidade da República e o executivo tem
solicitado reforço do contingente das diversas forças policiais.Destacou
ainda a forma exemplar como os imigrantes estão a contribuir para a
vida social e económica dos Açores e, quanto ao problema das
dependências, é necessário “combatê-lo de uma forma firme e planeada”, o
mesmo acontecendo com os sem-abrigo.