Chega/Açores aponta caos no transporte marítimo de mercadorias para as Flores mas executivo rejeita
11 de set. de 2024, 16:39
— Lusa/AO Online
“Os
florentinos enfrentam um verdadeiro caos no transporte marítimo de
mercadorias. Atualmente, a carga destinada à ilha das Flores tem de ser
entregue oito dias antes de sair de Lisboa e, quando chega a São Miguel,
na maioria das vezes, devido à falta de organização e até de
responsabilidade, não se consegue fazer o transbordo para seguir para a
nossa ilha a tempo e horas”, disse o deputado José Paulo Sousa.O
parlamentar do Chega, que fez uma declaração política sobre transporte
marítimo nos Açores, apontou que “as obrigações de serviço público de
transportes não estão a ser respeitadas” e os habitantes das Flores
estão “cansados e exasperados com a falta de atenção e de ação” do
executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM para resolver os “problemas
crónicos dos transportes” que afetam as ilhas. “A ilha das Flores é uma das principais vítimas. A situação é insustentável e exige medidas urgentes e eficazes”, disse.José
Paulo Sousa referiu que os atrasos dos navios “resultam numa perda
colossal de produtos perecíveis como verduras, pão de forma, iogurtes e
outras mercadorias com data de validade reduzida que chegam às Flores em
condições impróprias para consumo”.“Paletes
inteiras de produtos vão para o lixo, causando prejuízos enormes aos
nossos empresários que já lidam com uma economia frágil. De quem é a
culpa? Será dos empresários que há anos denunciam a situação ou do
Governo [Regional], que falha na organização, gestão e supervisão
adequada deste processo?”, questionou.Segundo José Paulo Sousa, são "dezenas de milhares de euros perdidos todos os meses”.“Os
açorianos merecem mais, merecem um Governo [Regional] mais interventivo
que faça uma rutura com as políticas desastrosas dos 24 anos de
governação do PS”, concluiu.Na resposta ao
deputado do Chega, a secretária Regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas, Berta Cabral, disse que existiu exagero na situação
relatada.“Nós fizemos o esforço e estamos a
fazer um enorme esforço de ter um navio dedicado às Flores, o
Margareth. O Margareth custa-nos cerca de dois milhões de euros por ano,
para estar absolutamente dedicado às Flores, para além do THOR que
também vai às Flores com muita frequência”, disse.Berta
Cabral explicou que o navio Margareth vai à ilha das Flores “sempre que
recebe a carga de Lisboa” e, se a carga chegar atrasada, “ele chega
atrasado”: “O Margareth está sempre disponível logo que receba a carga de
Lisboa para seguir para as Flores e abastecer".A
governante esclareceu ainda que existe um grupo de trabalho “para
acompanhar e reportar” ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes
“todas as alterações que ocorrem no transporte marítimo”.“Mantenho uma grande proximidade e frequência de contactos com os
empresários das Flores e eles automaticamente me reportam quando há
problemas maiores. Esses problemas têm sempre sido resolvidos e não vejo
que sejam assim tão graves quanto o senhor deputado aqui trouxe”,
afirmou.Também considerou que estão
reunidos todos os meios “para abastecer convenientemente uma ilha que
ficou isolada do resto do arquipélago desde o furacão Lorenzo”, em 2019.Durante
o debate, o deputado Nuno Barata (IL) lembrou que na recuperação do
porto “está quase tudo por fazer” e os transportes marítimos de
mercadorias “têm imponderáveis que nenhum governo consegue resolver”.António
Lima (BE) referiu que o furacão Lorenzo foi em 2019 e “não passava pela
cabeça de ninguém” que a obra principal “ainda não se tivesse
iniciado”, sendo essa responsabilidade do executivo regional.Sobre
os transportes marítimos de mercadorias lembrou que este ano, na ilha
das Flores, “os atrasos superiores a um dia já atingem 70% das viagens”.O
socialista José Eduardo disse que “nenhuma ilha tem sido mais fustigada
por sucessivos atrasos nos transportes marítimos do que a ilha das
Flores”, situação que tem causado enormes prejuízos aos empresários.Por
sua vez Cecília Estácio (PSD) disse ao deputado do Chega que a sua
intervenção foi “exagerada” e destacou o esforço do Governo Regional
para melhorar as condições dos transportes na ilha das Flores.