Chefes da PSP entregram 2.300 cartas no MAI para manifestar desmotivação
3 de fev. de 2023, 12:35
— Lusa/AO Online
O
Sindicato Nacional da Carreira de Chefes (SNCC) da Polícia de Segurança
Pública aproveitou a reunião de hoje com a secretária de Estado da
Administração Interna, Isabel Oneto, para entregar as 2.300 cartas,
número que representa a totalidade de polícias com esta patente.
O presidente do sindicato, Rui Amaral, disse à Lusa que as cartas foram
entregues no MAI, não tendo a secretária de Estado abordado as missivas
e a reunião limitou-se aos assuntos que estavam na agenda e que tem
vindo a ser abordados com as outras estruturas, designadamente
segurança, higiene e saúde no trabalho e as alterações ao regime do
trabalho remunerado.“Vamos ficar à espera
que o ministro da Administração Interna se pronuncie”, afirmou Rui
Amaral, considerando que existem problemas mais graves que afetam os
polícias, como as promoções e os suplementos.Os
chefes da PSP exigem “respeito, consideração, dignificação e
valorização da carreira”, tendo o presidente do sindicato dado conta de
que um chefe na PSP chega a estar no mesmo patamar “25 anos sem ser
promovido”.Rui Amaral explicou que o
estatuto profissional da PSP estabelece que ao fim de oito anos um chefe
pode ser promovido a chefe principal, mas “chegam a estar 25 anos”
nessa categoria.“Também foi vedada a
possibilidade de promoções automáticas (que continuam a existir noutras
forças e serviços de segurança), o que por opção gestionária originou
estagnação da carreira de chefes", refere a missiva entregue no MAI, que
alerta também para o facto da maioria dos chefes da PSP ter de esperar,
em média, 25 anos por uma promoção à categoria superior, mesmo que
cumpra todos os requisitos exigidos. "Sendo
que no mesmo período um oficial progride do posto de subcomissário ao
de superintendente", refere a carta que elenca oito pontos como sendo os
principais obstáculos ao futuro desta categoria.O
sindicato lamenta igualmente que tenha sido retirado aos chefes o
direito de ascender a oficial de polícia, assim como a "possibilidade de
aos 55 anos de idade e 36 de serviço passar para a situação de
pré-aposentação".Para o SNCC, a missiva
pretende, “de forma simbólica e mais uma vez demonstrar a realidade dos
chefes da PSP, como se sentem “desmotivados, desrespeitados, ignorados,
discriminados e até humilhados”.“Julgamos
que é chegada a hora de algo ser feito em prol dos chefes da PSP”,
sublinha ainda a missiva, que os chefes intitularam “carta de
desmotivação”.No âmbito do diálogo social
que o MAI iniciou na segunda-feira com os sindicatos da PSP, Isabel
Oneto reuniu-se hoje à tarde com o sindicato dos chefes, Sindicato dos
Profissionais de Polícia e o Sindicato Nacional da Polícia.Em
comunicado divulgado após as reuniões, o Ministério da Administração
Interna refere que nos encontros foram abordadas questões ligadas ao
regime do trabalho remunerado e às regras de segurança, higiene e saúde
no trabalho.“Em relação ao trabalho
remunerado, Isabel Oneto explicou que a iniciativa do Governo para
atualizar o valor pago por hora de trabalho remunerado envolve também a
criação de uma única tabela de pagamento, independente do tipo de
serviço prestado”, refere o MAI.O
ministério indica ainda que ficou acordado realizar “reuniões bimestrais
para, gradualmente, serem alcançados resultados nas diferentes
matérias”.A secretária de Estado vai
reunir-se, em data a agendar, com as associações socioprofissionais
representativas da Guarda Nacional Republicana.