Chefes da diplomacia norte-americana e britânica em Kiev para discutir armamento
Ucrânia
11 de set. de 2024, 11:48
— Lusa/AO Online
O secretário de Estado
norte-americano, Antony Blinken, fez a longa viagem de comboio da
Polónia para Kiev na companhia do homólogo britânico David Lammy, cujo
governo trabalhista, com dois meses de existência, prometeu continuar a
ser um dos principais apoiantes da Ucrânia.A
visita surge numa altura em que o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr
Zelensky, pede constantemente ao Ocidente armas com maior poder de fogo e
menos restrições à sua utilização.Questionado
sobre este assunto em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden afirmou: “Estamos a pensar nisso neste momento”.Apesar
do seu forte apoio à Ucrânia, Biden quer evitar a todo o custo um
conflito direto entre os Estados Unidos e a Rússia, as duas principais
potências nucleares do mundo.Na
terça-feira, em Londres, ao lado de Lammy, Blinken prometeu que os
Estados Unidos iriam fornecer à Ucrânia “aquilo de que necessita, quando
necessitar, para ser tão eficaz quanto possível na luta contra a
agressão russa”.Blinken, na quinta viagem a
Kiev desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, quer
verificar se as forças ucranianas são capazes de manter e utilizar
algumas das armas entregues.Questionado
sobre se Washington daria ‘luz verde’ à aquisição de armas de longo
alcance por parte de Kiev, Blinken disse à televisão Sky News que não
pode descartar a hipótese, mas que queria ter, primeiro, a certeza de
que tal “avançaria os objetivos” dos ucranianos.O
porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, avisou já hoje que a Rússia teria
uma "resposta adequada” se a Ucrânia fosse autorizada a utilizar estas
armas contra o seu território.Todas as
decisões ocidentais deste género provam a “natureza justificada,
necessária e inevitável” da intervenção militar do exército russo na
Ucrânia, avisou. A Ucrânia também recebeu
boas notícias financeiras na terça-feira, quando o Fundo Monetário
Internacional (FMI) anunciou um acordo que abre a porta à
disponibilização de uma nova tranche de ajuda no valor de 1.100 milhões
de dólares (cerca de 996 milhões de euros).Mas
na frente militar, Washington avisou que o Irão tinha entregue mísseis
de curto alcance à Rússia, que os poderia utilizar para atacar o
território ucraniano nas próximas semanas.Estas
entregas suscitaram o receio de que Moscovo possa utilizar os seus
mísseis de longo alcance contra as zonas da Ucrânia Ocidental que, até
agora, não foram relativamente afetadas.Por seu lado, o Ocidente impôs novas sanções contra Teerão em retaliação a estas entregas. No
início deste ano, os Estados Unidos autorizaram a Ucrânia a utilizar
armas ocidentais para atacar as forças russas em caso de conflito direto
de ambos os lados da fronteira.Mas, em
agosto passado, o exército ucraniano lançou uma ofensiva em território
russo na região de Kursk, na esperança, entre outros objetivos, de
forçar a Rússia a deslocar as suas tropas, que estão a avançar no leste
da Ucrânia.De acordo com os ‘media’
britânicos, Biden, que se encontrará sexta-feira com o primeiro-ministro
britânico, Keir Starmer, deverá levantar o veto dos Estados Unidos à
utilização pela Ucrânia de mísseis de longo alcance ‘Storm Shadow’
contra a Rússia.Londres está a pressionar
os Estados Unidos, de longe o maior fornecedor de equipamento militar à
Ucrânia, para que mostrem maior flexibilidade na sua utilização.Uma
das principais exigências da Ucrânia é a flexibilização das restrições à
utilização dos sistemas de mísseis táticos ‘ATACMS’ dos Estados Unidos,
que podem atingir alvos a 300 quilómetros de distância.Numa
carta conjunta dirigida a Biden, os principais membros republicanos do
Congresso pediram-lhe que atuasse para impedir a Rússia de “cometer
impunemente os seus crimes de guerra contra a Ucrânia”.