Chefe de gabinete diz que não pediu autorização prévia a Galamba para contactar SIRP
TAP
18 de mai. de 2023, 07:44
— Lusa/AO Online
“Não pedi autorização ao senhor
ministro previamente ao contacto que fiz com o SIRP”, afirmou Eugénia
Correia, na sua audição na comissão de inquérito à TAP, que durou mais
de seis horas, depois da audição, com duração semelhante, do ex-adjunto
Frederico Pinheiro.A chefe de gabinete de
João Galamba disse ainda que ligou ao secretariado às 21h54 para pedir a
chamada para o SIRP, momentos depois do caso que envolveu a saída do
ex-adjunto do Ministério com o computador de serviço. Esta audição foi marcada por várias visões contraditórias, face às afirmações de Frederico Pinheiro, horas antes, na mesma sala.Questionada
sobre o tom de João Galamba no telefonema feito a Frederico Pinheiro em
que o despediu, uma vez que o ex-adjunto confirmou na sua audição que o
ministro disse que se estivesse ao seu lado lhe dava dois ‘socos’,
Eugénia Correia referiu que ouviu “o ministro a falar tranquilamente com
Frederico Pinheiro”, embora não tenha acompanhado a totalidade da
conversa porque também estava ao telefone.Questionada
pelo deputado do PS Bruno Aragão sobre o ficheiro informático das notas
do ex-adjunto tiradas na reunião preparatória do grupo parlamentar
socialista com a ex-presidente executiva da TAP, na véspera da audição
na comissão de economia, em janeiro, Eugénia Correia afirmou que
Frederico Pinheiro se recusou a entregar um ficheiro Word à técnica
Cátia Rosas, do gabinete do ministro.Quanto
à intervenção no telemóvel de serviço de Frederico Pinheiro, para
tentar recuperar comunicações trocadas com a ex-presidente executiva da
TAP e que o ex-adjunto disse que levou a um ‘apagão’ das sua mensagens,
Eugénia Correia afirmou que a intervenção foi feita com o ex-adjunto a
mexer no seu telemóvel, seguindo indicações do técnico informático que
estava ao seu lado.“O doutor Frederico
estava sentado na sua secretária com o telemóvel na mão e estava de pé
junto a ele o informático a dar-lhe indicação de como instalar o
programa que tentaria fazer a recuperação de uma coisa que não sabíamos
se existia, a recuperação de mensagens trocadas com a senhora presidente
da Comissão Executiva da TAP, para se tentar obter um comprovativo de
que efetivamente tinha sido ela a solicitar a reunião”, explicou.A responsável disse que “as notas valem nada, porque no mínimo têm de ser aferidas pelos outros participantes” na reunião.“Se
esta reunião não estivesse a ser gravada, eu amanhã podia escrever um
papel dizendo que tinha acontecido isto e aquilo. O conteúdo tem de ser
confirmado ou infirmado, o que for, porque ninguém que esteve naquela
reunião confirma que aquilo foi assim, ou desconfirma também, […] e foi
esse alerta que deixei no meu ofício, porque eu não fui perguntar a
ninguém se isto tinha confirmação ou não”, apontou.Eugénia
Correia reiterou que Frederico Pinheiro não foi despedido porque tinha
notas, mas sim “por ter mentido com quatro testemunhas”.Confrontada
pelo deputado Paulo Rios de Oliveira, do PSD, sobre um email enviado
por si à TAP sobre a não realização de uma conferência de imprensa de
apresentação dos resultados de 2022, já depois do anúncio da intenção de
exonerar os presidentes da companhia, a chefe de gabinete considerou
que não foi dada uma ordem para que a conferência não acontecesse, mas
sim uma opinião de que não devia acontecer.Questionada
ainda sobre um comunicado enviado à Lusa por cinco elementos do
gabinete, incluindo a própria, a acusar Frederico Pinheiro de mentir na
audição que ainda decorria, a chefe de gabinete começou por dizer que
não tinha lido o referido comunicado e que não estava assinado por si.Mais
tarde, após uma pausa, Eugénia Correia (que prefere este nome apesar de
o comunicado referir Eugénia Cabaço) disse que, quando questionada
inicialmente, tinha percebido que se tratava de uma assinatura com o seu
punho e não a referência ao seu nome, esclarecendo que já tinha tido
oportunidade de o ler e que subscrevia “integralmente” o seu conteúdo.Na
reta final da audição, já na terceira ronda, Eugénia Correia confirmou
em resposta a Hugo Carneiro, do PSD, que tinha trocado impressões com
João Galamba sobre esta inquirição, mas não para qualquer
condicionamento ou combinação de respostas."Sobre a inquirição, eu não estive a ler respostas, eu não sabia as perguntas que me iam fazer", realçou.