Chefe da NATO exclui adesão e pede garantias devastadoras contra Rússia
Ucrânia
18 de dez. de 2025, 17:38
— Lusa/AO Online
"Vladimir Putin tem de saber que,
se voltar a atacar a Ucrânia após um acordo de paz, a reação será
devastadora”, afirmou Mark Rutte, referindo-se ao Presidente russo,
citado pela agência noticiosa espanhola EFE.Rutte
explicou durante uma conferência de imprensa em Orzysz, no norte da
Polónia, que qualquer país do espaço euro-atlântico pode solicitar a
adesão à NATO, conforme disposto no Tratado do Atlântico Norte.Referiu que na cimeira de 2024, os líderes da NATO concordaram que o caminho da Ucrânia para a adesão era irreversível.Mas
admitiu a existência de “elementos práticos” e que alguns aliados,
entre os quais a Hungria e os Estados Unidos, sinalizaram que não darão o
consentimento à entrada da Ucrânia, que tem de ser aprovada por
unanimidade.Se o ingresso da Ucrânia na
NATO não for possível, disse ser necessário encontrar uma fórmula para
prevenir que ocorra uma nova invasão russa no futuro, caso se alcance um
acordo de paz que ponha termo à guerra em curso desde fevereiro de
2022.Rutte delineou futuras garantias de
segurança a três níveis, sendo o primeiro constituído pelas próprias
forças armadas ucranianas.Uma segunda
camada de segurança seria a proteção conferida pela designada “coligação
de voluntários” ou “coligação dos dispostos”, liderada pela França e
pelo Reino Unido, que poderá adotar a forma de uma força de paz.Um terceiro nível implica os Estados Unidos, num formato que está a ser objeto de debate, segundo referiu.O
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusou hoje em Bruxelas
renunciar à adesão do país à NATO, como exige a Rússia, um objetivo que
está consagrado na Constituição da Ucrânia.“Não
vou mudar a minha Constituição - que é o que os ucranianos decidiram -
só porque isso é o que a Rússia quer”, afirmou no final de uma reunião
com os líderes da União Europeia (UE).Zelensky
reconheceu que a atual administração dos Estados Unidos de Donald Trump
não apoia a entrada da Ucrânia na NATO, mas ressalvou tratar-se de algo
circunstancial.“A política dos Estados
Unidos é que não nos vê na NATO, por agora. Mas tudo na política é por
agora, a política muda e podem chegar à conclusão que a Ucrânia reforça a
NATO”, afirmou.“Só os membros da NATO podem dizer quem querem lá”, acrescentou.A
segurança da Ucrânia é uma das questões que representantes ucranianos e
norte-americanos vão analisar a partir de sexta-feira, nos Estados
Unidos, a que se seguirá uma reunião entre delegações de Washington e de
Moscovo.As conversações realizam-se no
âmbito das negociações sobre o plano do Presidente Donald Trump para
tentar pôr termo à guerra que a Rússia iniciou com a invasão da Ucrânia
em fevereiro de 2022.O secretário-geral da
NATO abordou o tema da Ucrânia depois de visitar o Centro de Treino de
Campo das Forças Terrestres em Orzysz, sede do Agrupamento Tático
Multinacional da Aliança Atlântica, acompanhado pelo ministro da Defesa
polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.A força é constituída por efetivos da Polónia, Roménia, Croácia, Estados Unidos e Reino Unido.Kosiniak-Kamysz
anunciou que as duas baterias de defesas antiaéreas Patriot de que a
Polónia dispõe atingiram hoje a plena operacionalidade, um facto que
classificou como histórico.Confirmou
também o apoio polaco à vizinha Lituânia no reforço das defesas no
corredor de Suwalki e levantou a possibilidade da realização de manobras
militares conjuntas no local, considerado estratégico para a NATO.Antes,
Rutte reuniu-se com o Presidente polaco, Karol Nawrocki, que agradeceu
ao secretário-geral da NATO o reconhecimento da contribuição
significativa da Polónia para a segurança comum.