Charles Michel vai apresentar nova proposta aos 27 e crê em acordo
UE/Cimeira
20 de jul. de 2020, 17:52
— Lusa/AO Online
Após ter sido
alcançado na última madrugada um acordo de princípio sobre o Fundo de
Recuperação, que ainda falta formalizar, os chefes de Estado e de
Governo dedicar-se-ão agora às negociações sobre o outro pilar do plano
de relançamento, o orçamento da União para os próximos sete anos, numa
sessão de trabalho cujo início tem vindo a ser sucessivamente adiado,
mas que deverá começar em breve.“Vou em
breve enviar aos líderes a minha nova proposta. Trabalhámos arduamente, e
esta proposta é fruto de um trabalho coletivo extremamente intenso”,
disse o presidente do Conselho.Charles
Michel disse ter noção de que “as últimas etapas [das negociações] são
sempre as mais difíceis, mas garantiu estar “confiante” e “convicto de
que é possível um acordo”, designadamente em torno do Quadro Financeiro
Plurianual da União para 2021-2027, em torno de 1 bilião de euros.Iniciado
na passada sexta-feira de manhã, este Conselho Europeu dedicado ao
plano de relançamento económico da Europa face à crise da covid-19 é
desde já uma das cimeiras mais longas da história da UE – e ameaça mesmo
bater o recorde detido pelo Conselho de Nice em 2000, que se prolongou
por quatro noites -, tendo na última madrugada sido alcançado um
compromisso em torno do Fundo de Recuperação.O
acordo de princípio prevê que o Fundo tenha uma dotação global de 700
mil milhões de euros, contra os 750 mil milhões inicialmente previstos,
com 390 mil milhões dos fundos a serem prestados através de
transferências a fundo perdido, neste caso um corte bastante mais
significativo comparativamente à proposta original, que contemplava 500
mil milhões de euros em subvenções.Ainda
assim, o primeiro-ministro português, António Costa, considerou hoje que
se trata de um “bom acordo”, e que garantirá a Portugal uma verba de
15,3 mil milhões de euros.“Acho que o
acordo alcançado é um bom acordo, ficou no limite daquilo que faria que
com que este fundo não fosse um fundo suficientemente robusto para
responder a esta primeira fase da crise. E, na combinação entre
empréstimos e subvenções, acho que ficaremos com um fundo que terá 700
mil milhões de euros. É de qualquer forma um passo histórico ser
constituído um fundo desta natureza com base na emissão de dívida pela
Comissão”, afirmou.Em declarações
prestadas à imprensa antes de entrar no Conselho, Costa salientou que
“algo que é importante é que, nesta redução significativa do montante
global do Fundo”, a nível de transferências a fundo perdido “foi
possível no essencial proteger aquilo que eram os envelopes nacionais”. “E,
portanto, salvo alguma peripécia hoje, aquilo com que podemos contar
relativamente ao Fundo de Recuperação, no que respeita a Portugal, nas
suas diferentes dimensões, é com uma verba de 15,3 mil milhões de euros,
que tem execução prevista entre janeiro de 2021 e 2026”, indicou.Assumindo
que esta é “uma verba que impõe enorme responsabilidade” e dá uma
“oportunidade muito significativa ao país para responder com energia à
crise económica muito profunda”, dando-lhe uma “capacidade de resposta”
que de outra forma Portugal não teria, António Costa explicou que o país
‘perdeu’ agora no Fundo face à diminuição do seu montante será
‘compensado’ no orçamento da União para 2021-2027, a ‘maratona’ negocial
que se segue.