“Chãos de Melhoras” em discussão na Assembleia da República
20 de dez. de 2024, 09:35
— Ana Carvalho Melo
A iniciativa da Assembleia Legislativa dos Açores que
visa regularizar o “Chão de Melhoras” em São Miguel esteve em discussão,
na quarta-feira, na Assembleia da República.Na ocasião, o deputado
Francisco César, do PS/Açores, anunciou o apoio do Partido Socialista à
proposta de lei da Assembleia Legislativa Regional dos Açores para
resolver o problema, enquanto o deputado Paulo Moniz, do PSD/Açores,
defendeu a urgência de alterações legislativas para simplificar e
acelerar o processo, destacando a importância desta figura jurídica
singular no contexto urbanístico e social da ilha.Em nota enviada à
comunicação social, é referido que Francisco César se disponibilizou
para melhorar a proposta durante o debate na especialidade, com o
objetivo de efetivamente resolver este que é “um problema centenário”
relacionado com a divisão de propriedades, sobretudo na ilha de São
Miguel.“Este problema ocorre porque a ilha estava dividida, em
termos de posse, entre três ou quatro famílias. Só na zona da costa
norte do concelho de Ponta Delgada, nomeadamente na freguesia das Sete
Cidades, havia duas famílias que eram donas de toda a terra, e as
pessoas que lá trabalhavam e viviam não estavam apenas por uma relação
contratual, mas sim porque sempre viveram ali e sempre conviveram com
quem era dono e proprietário da terra”, afirmou o socialista.Salientando
que apenas em 2017 perto de 300 herdeiros chegaram a um entendimento
quanto à divisão das propriedades, Francisco César alertou que foi a
partir daí que passou a existir uma relação contratual com quem vivia
nesses mesmos terrenos.Por sua vez, Paulo Moniz apelou à unanimidade
na Assembleia da República para a alteração da lei em vigor relativa
aos processos dos ‘Chãos de Melhoras’, em diversas localidades da ilha
de São Miguel.Numa nota do partido, é realçado que a Assembleia da
República discutiu uma proposta do Parlamento açoriano que determina
algumas alterações à lei em vigor, “tornando-a mais ágil e com mais
alternativas para a resolução desses processos, além de pôr fim ao hiato
temporal de 10 anos, tanto para o vigor da lei quanto para o intervalo
entre as regularizações extraordinárias”, adiantou.Paulo Moniz
lembrou ainda que o ‘Chão de Melhoras’ “é uma figura urbanística que
remonta aos séculos XIX e XX, particularmente relevante na ilha de São
Miguel, que designa situações em que o proprietário de um terreno não é o
mesmo que o proprietário da casa que nele existe, a chamada
benfeitoria”.