CGTP quer aumento salarial e desbloqueio da contratação coletiva
27 de mai. de 2024, 17:38
— Lusa/AO Online
No dia
em que estes trabalhadores cumprem uma greve de 24 horas, Tiago Oliveira
disse à agência Lusa que, “quando se fala que é preciso diálogo social,
que é preciso concertação social, que é preciso negociação”, a CGTP
constata, e é por isso que “os trabalhadores estão em luta, é que todos
os contratos [da restauração, alojamento e refeitórios] estão bloqueados
e não há negociação”.E prosseguiu: “É uma
luta que diz respeito aos direitos dos trabalhadores e contra os
retrocessos sociais. Tem a ver com a negociação da contratação coletiva,
com os aumentos dos salários dignos e justos para os trabalhadores,
contra a precariedade laboral e a redução do horário de trabalho para as
35 horas semanais”.Para o líder sindical,
o turismo é um dos “principais setores da economia nacional”, que gera
lucros, mas onde “os salários são completamente esmagados”.“Assiste-se
ao esmagamento dos salários quando as unidades hoteleiras atingem
recordes, atrás de recordes de ocupação de quartos. Os salários
mantêm-se sempre pelo salário mais baixo, a precariedade é cada vez
maior, e os horários de trabalho são cada vez maiores e mais
desregulados”, adiantou.Por isso,
explicou, é que os trabalhadores se manifestam e “decidiram demonstrar
[com a greve e esta concentração] que estão completamente contra este
rumo”.A CGTP é contrária à ideia de que os
trabalhadores têm de se sujeitar "a tudo e mais alguma coisa, para
responder àquilo que são os interesses das empresas” e que esta situação
e os baixos salários se estão a alargar a todo o país.Tiago
Oliveira realçou que isto “não pode ser”, tem de ser “o contrário” e
que “tem de se por os trabalhadores no centro da discussão”.O líder da CGTP referiu também que “todas as evoluções que existam, todos os avanços têm de reverter para os trabalhadores”.“É
preciso não colocar as empresas em primeiro plano. Estamos a ter
milhares e milhares de trabalhadores, quase todos eles com o salário
mínimo nacional e com dificuldades para fazerem face ao seu dia a dia, a
terem que vir para a rua lutar por melhores condições de vida”,
salientou o dirigente sindical.Para a
CGTP, o bloqueio da negociação da contratação coletiva acontece "não só"
no caso da AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de
Portugal, mas "praticamente em todos os setores a nível nacional”.A
CGTP mostra igualmente a sua indignação contra as “ameaças e
chantagens” feitas."Se os sindicatos não responderem àquilo que são os
interesses das entidades patronais avançam com a caducidade da
contratação coletiva”, lamentou.Falando à
margem da manifestação que juntou mais de uma centena de trabalhadores,
em Lisboa, Maria das Dores Gomes, coordenadora da FESAHT – Federação dos
Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de
Portugal, que convocou a greve de 24 horas em todo os país, afirmou que
“os trabalhadores têm vindo nos últimos anos a fazer diversas lutas,
sobretudo em defesa da contratação coletiva”.Alertou
para o facto de “estarem bloqueados” os contratos das cantinas e
refeitórios, do alojamento e da restauração, os quais ainda não
conseguiram negociar.Trata-se de três
contratos coletivos "muito importantes" para a federação, disse a
dirigente sindical, lembrando ainda que “o patronato já assinou só com
os sindicatos da UGT, tendo retirado imensos direitos" aos
trabalhadores, situação de que discordam.Os
trabalhadores aprovaram hoje uma moção que foi entregue na sede da
AHRESP, sendo que a FESAHT afirma que se as reivindicações não forem
atendidas, admitem fazer uma nova greve ou avançar com outras lutas que
considerem adequadas.