CGTP promete mais contestação e exige aumentos de 10% dos salários em 2023
16 de out. de 2022, 00:23
— Lusa /AO Online
“Exigimos o aumento geral intercalar dos salários ainda este ano e que em 2023 o aumento seja de 10% com um mínimo de 100 euros”, disse a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, no final da manifestação que juntou milhares de pessoas em Lisboa.Promovida pela central sindical CGTP-IN e com o lema "Aumentos dos salários e pensões - emergência nacional! Contra o aumento do custo de vida e o ataque aos direitos", a manifestação realizou-se entre o Cais do Sodré e o Rossio, tendo contado, segundo a organização, com cerca de 10 mil pessoas.No protesto participaram sindicatos de vários setores, desde educação, comércio, serviços, autarquias, polícias, saúde, cultura e hotelaria, além de reformados.Isabel Camarinha considerou que a única justificação para o Governo não aumentar “já os salários” e subir em 10% os vencimentos em 2023 “é a exploração”, frisando que “o brutal aumento do custo de vida” exige esta subida.“Para os que dizem que é muito, que vem aí uma espiral inflacionista, afirmamos que a dita espiral já cá está, que é insuportável, que começam a faltar bens e serviços essenciais juntamente com outros a que tínhamos acesso, e estão cada vez mais comprometidos. Não falamos de luxo, falamos do básico que permita viver com dignidade, que permite a realização pessoal de cada um”, precisou.No seu discurso, afirmou que a CGTP exige também um aumento do salário mínimo ainda este ano para os 800 euros e em janeiro de 2023 para os 850 euros.Para a secretária-geral da central sindical, os 760 euros que o Governo propõe para o próximo ano significam “677 euros líquidos”.“É hora de acabar com os salários de miséria”, sustentou, pedindo também um aumento das pensões, uma regulação dos preços dos bens e serviços essenciais, fixação de preços máximos, “tributação dos lucros e de forma mais intensa dos lucros que resultam do aproveitamento da guerra e das sansões”.Isabel Camarinha disse ainda que “a luta vai continuar e vai aumentar na rua".“Una luta que vai continuar e intensificar-se nos locais de trabalho, nas empresas e serviços, no setor privado e público”, afirmou, destacando a greve que a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública convocou hoje para 18 de novembro.Durante o protesto, os manifestantes entoaram as tradicionais palavras de ordem como "CGTP, unidade sindical", "esta legislação laboral só interessa ao capital", "a luta continua nas empresas e na rua", “saúde, educação, segurança social é direito universal” e "o custo de vida aumenta e o povo não aguenta", empunhando várias bandeiras dos respetivos sindicatos e cartazes a exigir "mais salários e mais pensões".Fernando Pinto, do Sindicato de Hotelaria do Sul, disse à Lusa que participou na manifestação para exigir um aumento de 100 euros para o setor e contestar o aumento do custo de vida, que tem sido “enorme nos últimos tempos”.“Cada vez é mais difícil garantir um rendimento para os agregados familiares”, afirmou, admitindo mais contestação no futuro caso “o Governo não arrepiar caminho”.Também Zoraima Prado, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), disse à Lusa que os portugueses estão “realmente a empobrecer”.“Participo nesta manifestação porque, mesmo com os aumentos anunciados, os enfermeiros têm uma perda nestes últimos dois anos de 12% do poder de compra para fazer face ao custo de vida”, sublinhou, realçando que a contestação vai aumentar uma vez que também “vão aumentar as dificuldades dos portugueses para fazer face às despesas mensais”.A sindicalista defendeu um aumento mínimo para os enfermeiros de 12%.Por sua vez, o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira, afirmou à Lusa que os 100 euros anunciados pelo Governo para os militares da GNR em início de carreira não é suficiente e não vai alterar o sistema remuneratório da corporação, que não muda desde 2009.“O ministro anunciou 100 euros para os militares em início de carreira, mas isso, só por si, não altera o sistema remuneratório e até vai trazer injustiças, porque há profissionais com 20 e 30 anos e apenas vão ter um aumento de 52 euros”, disse, defendendo que “nenhum polícia devia receber menos de 1.000 euros de vencimento base”.Joaquim, do movimento dos reformados de Almada, manifestou à Lusa descontentamento com as medidas tomadas para as reformas.“Há muitos anos que não somos aumentados e estamos a perder poder de compra constantemente”, lamentou.Na proposta do Orçamento do Estado para 2023, o Governo tem proposto um aumento do salário base na função pública entre 8% e 2%, com garantia de um mínimo de cerca de 52 euros, e a valorização das carreiras gerais de técnico superior, assistente técnico e assistente operacional.A proposta do Governo contempla ainda um aumento do subsídio de refeição dos atuais 4,77 euros para 5,20 euros.