CGTP defende"10 medidas urgentes" para garantir igualdade salarial entre homens e mulheres
2 de nov. de 2017, 12:14
— Lusa/AO online
Em comunicado, a central
sindical defende o aumento geral dos salários (no setor privado, no
setor público empresarial e na Administração Pública), o aumento do
salário mínimo nacional (600 euros em 2018) e as respetivas atualizações
anuais, "não só na vertente da valorização do trabalho, mas também na
vertente do combate à discriminação salarial entre mulheres e homens". Exige
ainda a revogação das normas gravosas do Código do Trabalho,
nomeadamente da caducidade das convenções coletivas, bem como a
reintrodução do princípio do tratamento mais favorável, bem como a
integração na negociação e na contratação coletiva de medidas de
promoção e salvaguarda da igualdade retributiva, com recurso,
nomeadamente, à majoração salarial para eliminar desigualdades
existentes. A CGTP considera também urgentes "a erradicação da
discriminação direta e indireta, transversal e horizontal, e de
estereótipos ainda prevalecentes entre homens e mulheres" e solicita a
disponibilização de dados aos representantes sindicais, por parte das
empresas e entidades públicas, sobre as remunerações médias e os ganhos
médios atualizados, desagregados por sexo. Segundo a central
sindical, a introdução ou a melhoria, em sede de negociação e
contratação coletiva, de cláusulas e critérios objetivos para determinar
o valor do trabalho e o significado de trabalho de valor igual,
tendentes à superação das desigualdades salariais atuais deverão ser
igualmente salvaguardadas. "O combate a todas as discriminações
salariais, incluindo as que afetam particularmente as mulheres, que
enfrentam desvantagens acrescidas: com vínculos precários, com
deficiência, pertencentes a minorias, imigrantes, com baixas
qualificações, etc", é outra das medidas reivindicadas. A CGTP
exige também o cumprimento efetivo das garantias e direitos contratuais e
legais, bem como a regulamentação do tempo de trabalho e dos prémios
(assiduidade, produtividade ou outros), "de modo a que sejam efetivados
os direitos de maternidade e paternidade, de assistência à família e de
conciliação, sem obstaculização ou penalização patronal". Defende
ainda a implementação de políticas públicas para a igualdade ao nível
das escolas (educação para a Igualdade) e a garantia de que as
estatísticas oficiais, nomeadamente da Segurança Social, disponibilizem
informação desagregada por sexo, para aferir e monitorizar os efeitos
das discriminações salariais entre mulheres e homens ao longo da vida e,
em particular, na velhice. Por último, a central reivindica a
concretização de um plano conjunto (CITE e ACT) de combate às
discriminações salariais diretas e indiretas, "visando uma ação
inspetiva mais eficiente e punitiva das entidades patronais infratoras e
a divulgação de relatórios anuais, por sector de atividade, que
exprimam a evolução no que se refere à igualdade salarial entre mulheres
e homens". As empresas com mais de 100 trabalhadores vão passar
a ser notificadas pela inspeção do trabalho quando forem detetadas
desigualdades salariais e serão obrigadas a aplicar, em dois anos, um
plano para justificarem as diferenças e corrigirem eventuais
discriminações. A medida integra uma proposta de lei que está a
ser trabalhada pelas áreas governativas da Cidadania e Igualdade, sob
tutela da ministra da Presidência, e pelo Ministério do Trabalho, e que
deverá ser aprovada hoje em Conselho de Ministros, segundo disse fonte
do Governo à agência Lusa. Segundo explicou a mesma fonte, a
medida será de implementação faseada, sendo nos primeiros dois anos
aplicável apenas às empresas com mais de 250 pessoas e, posteriormente,
alargada às empresas com mais de 100 pessoas. A proposta de lei
visa a promoção da igualdade remuneratória entre mulheres e homens e
integra "medidas de natureza informativa e medidas que pugnam pela
avaliação e correção das diferenças de teor discriminatório", explicou a
mesma fonte. O novo diploma -- que depois do Conselho de
Ministros ainda terá de passar pela Assembleia da República - estabelece
que o Ministério do Trabalho passe a disponibilizar anualmente
informação estatística para identificar diferenças remuneratórias a
nível nacional e por setor, e ainda por cada empresa. De acordo
com a fonte do Governo, este instrumento tem como principal objetivo
"fortalecer os mecanismos de transparência salarial" e será desenvolvido
"sem qualquer custo ou encargo administrativo para as empresas". Os
dados oficiais mais recentes indicam que os salários médios das
mulheres são inferiores em 16,7% aos dos homens, o que significa que a
diferença salarial de género em Portugal corresponde a uma perda de 61
dias de trabalho remunerado para as mulheres.