CGTP alerta para desigualdade e promove cerca de mil iniciativas na próxima semana
4 de mar. de 2021, 17:24
— Lusa/AO Online
"Apesar
de as mulheres estarem cada vez mais representadas e ativas no mercado
laboral, continuam a ser tratadas de forma desigual e têm cada vez mais
dificuldade em conciliar o trabalho com a vida pessoal e familiar e a
pandemia da covid-19 ainda veio agravar mais a situação, porque houve um
aproveitamento por parte de muitas empresas para desregular ainda mais
os horários", disse à agência Lusa Fátima Messias, da Comissão Executiva
da CGTP.Para a sindicalista, que coordena
a Comissão para a Igualdade da CGTP, a pandemia foi um meio para certas
empresas "agravarem os horários de trabalho, não darem aumentos
salariais e despedirem"."Mas a pandemia
não pode ser justificação para tudo", disse a sindicalista,
acrescentando que "muitas mulheres perderam o emprego de um dia para o
outro, sobretudo as que ganham os salários mais baixos".Para
denunciar as situações de desigualdade e de dificuldade das mulheres em
conciliar o trabalho com a vida pessoal e familiar, a Intersindical
promove entre os dias 08 e 12 a Semana da Igualdade, no âmbito da qual
vão ocorrer mais de 900 iniciativas com trabalhadoras de todo o país,
entre concentrações, plenários junto a empresas e encontros em locais de
trabalho.Segundo Fátima Messias, já estão
marcadas cerca de 900 iniciativas, mas ainda estão a ser organizadas
algumas ações, estimando que as iniciativas venham a rondar o milhar."Mesmo
em fase de pandemia vamos ter iniciativas por todo o país, sobretudo na
rua, para garantir o distanciamento social (...) e queremos que sejam
os trabalhadores os protagonistas destas ações", disse.Fátima
Messias divulgou em conferência de imprensa a Semana da Igualdade e um
estudo sobre a situação atual da mulher no trabalho. De
acordo com o estudo, as mulheres portuguesas trabalham em cada dia útil
mais uma hora e 13 minutos do que os homens, entre trabalho pago e não
pago, continuando a ter maior dificuldade em conciliar a profissão com a
vida familiar e pessoal.Apesar da
evolução dos últimos anos, ainda são maioritariamente as mulheres que
interrompem a carreira para cuidar de filhos, que deixam de trabalhar
para serem cuidadoras informais de familiares e que durante a pandemia
ficaram em teletrabalho com filho a cargo.O
estudo salienta que as desigualdades relativamente às mulheres
persistem, apesar de Portugal ser um dos países europeus com mais
elevada taxa de participação feminina no mercado de trabalho, dado que a
taxa de atividade das mulheres se situa nos 73%, acima da média
europeia, que é de 68%, e próxima da taxa de atividade dos homens, que
se situa nos 78%.Segundo Fátima Messias,
entre 2016 e 2020, sindicalizaram-se nos sindicatos da CGTP cerca de 80
mil trabalhadoras, o que representa cerca de 60% do total das novas
sindicalizações deste período.No mesmo período, do total de delegados sindicais eleitos, 65% eram mulheres, ou seja, 9.342 trabalhadoras.A
Comissão para a Igualdade da CGTP defendeu, no estudo elaborado, a
necessidade de serem tomadas medidas efetivas e eficazes que permitam
conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar dos
trabalhadores e que garantam a igualdade das mulheres.