CGD diz que adesão à greve foi de 20% mas sindicato contesta
9 de ago. de 2021, 16:30
— Lusa/AO Online
“Temos 20%
das agências encerradas. Naturalmente, que em algumas há transtornos
que decorrem, sobretudo, desta greve atingir os mais vulneráveis, que
são os reformados”, afirmou o administrador da CGD, José João Guilherme,
que falava aos jornalista à margem da manifestação dos trabalhadores do
banco, que decorreu em Lisboa.De acordo com a Caixa, os níveis desta paralisação estão abaixo aos registados em 2018, numa greve idêntica. José
João Guilherme notou ainda que, apesar de o banco “ter vindo a fazer um
esforço muito grande” para que os clientes utilizem os cartões
bancários, verifica-se ainda uma “recorrência muito forte” aos balcões. Em
declarações à Lusa, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das
Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC), Pedro Messias, disse
não estar surpreendido com os números anunciados pela instituição
bancária, mas contestou-os. “Já
se sabia que a Caixa ia dizer isso. A Caixa considera uma agência não
fechada estando nela um trabalhador. Não se pode dizer que esteja a
funcionar. Não surpreende o que a Caixa diz. Já o disse em 2018, mas não
é verdade. A rede comercial está fechada ou inoperacional”, garantiu o
líder da estrutura que convocou a greve.Em
resposta às reivindicações apresentadas pelos sindicatos
representativos dos trabalhadores da Caixa, que disse merecerem “o
melhor respeito”, o administrador do banco indicou que, em média, a
tabela salarial da CGD é, no mínimo, 10% mais alta “do que a dos bancos
com quem a Caixa concorre”. Referindo
que as negociações sobre a tabela salarial estão previstas para
setembro, este responsável sublinhou que a transformação
operacionalizada na CGD “tem em vista a sua sustentabilidade” e foi
feita “com os trabalhadores, não contra ou com outros”. A
CGD referiu ainda que a existência de assédio ou pressão laboral na
instituição está ligada a “contextos muito particulares”, acrescentando
que todos os reportes foram tratados e tiradas as devidas consequências.
Relativamente
à distribuição de 2.000 milhões de euros em dividendos, o administrador
José João Guilherme explicou ser “objetivo deste Conselho Executivo
distribuir aos contribuintes aquilo que aportaram para salvar a Caixa”.
Questionado
sobre a viabilidade da distribuição dos dividendos, quando os
sindicatos alegam que o aumento dos salários não está a ser negociado, o
administrador apontou que, nos últimos quatro anos, 4.000 trabalhadores
foram objeto de revisão salarial. Porém,
o presidente do STEC referiu que as atualizações salariais correspondem
à aplicação do acordo da empresa e não a um aumento da tabela salarial.
Os
trabalhadores da CGD estão hoje em greve, reivindicando a negociação da
tabela salarial e das cláusulas de expressão pecuniária. No primeiro semestre, a CGD totalizou 294 milhões de euros de lucro, mais 18% do que no mesmo período do ano anterior.Num
comunicado posterior, a CGD considerou que as razões invocadas pelos
sindicatos “banalizam o direito à greve, como é demonstrado pela adesão
dos colaboradores, inferior em 50%, em relação à última greve de 2018”.Segundo
os dados da Caixa, 80% das agências estão abertas e foi processado um
volume de transações, às 12:00, 4% superior ao do período homólogo.“Nunca
esteve, nem está em cima da mesa qualquer hipótese de um despedimento
coletivo na Caixa Geral de Depósitos. Pelo contrário, para os
colaboradores que têm escolhido sair, as condições de saída, quer seja
por pré-reforma ou por mútuo acordo, têm sido das mais favoráveis da
banca portuguesa”, garantiu.