César questiona se BE e PCP preferem direita no Governo ou fazer acordos à esquerda
OE2022
21 de out. de 2021, 14:22
— Lusa/AO Online
Esta
questão sobre os objetivos políticos inerentes à atuação do Bloco de
Esquerda e PCP nas negociações em curso da proposta do Governo de
Orçamento do Estado para 2022 foi colocada por Carlos César num texto
que publicou na sua conta pessoal na rede social Facebook.“Não
participo no processo negocial que decorre, trabalhosamente, entre o
Governo e os partidos. Porém, sinto que Bloco de Esquerda (BE) e PCP,
como os partidos mais representativos na interlocução com o PS e o
Governo, têm de tornar mais inequívoco, e dizer mais claramente aos
portugueses, o que os move”, sustentou o antigo presidente do Governo
Regional dos Açores entre 1996 e 2012. Segundo
Carlos César, BE e PCP “ou desaprovam o Orçamento do Estado, derrubam o
Governo e dão uma oportunidade à direita ou, pelo contrário, procuram
construir consensos que afirmem à esquerda a governação do país (sem,
evidentemente, ocultarem as suas divergências e as suas diferenças)”.“O
PS permanece apostado nessa construção. Já quanto ao BE e ao PCP, fico
sem perceber se, afinal, se sentem melhor a fazer oposição a um Governo
de direita do que a fazer acordos com um Governo de esquerda”, escreve o
presidente dos socialistas.No mesmo
texto, o ex-líder parlamentar socialista advoga que o Governo tem dado
resposta aos parceiros negociais, “quer na execução dos compromissos
passados quer apresentando, neste último período, propostas e
contrapropostas na procura de acordos”.“E
têm sido várias. Ao PS, compete continuar a dialogar e, naturalmente, a
contemporizar no que ajude a negociação e não desajude o país. Temos
esse dever, procurando manter a estabilidade política. E, em qualquer
caso, teremos, sempre, o dever de continuar a Governar com as condições
que estiverem propiciadas”, refere.Porém,
avisa logo a seguir Carlos César, “era melhor para Portugal evitar que,
como anunciou o Presidente da República, seja desencadeado agora um
processo eleitoral antecipado”.Um processo
eleitoral “que prejudicará fortemente a execução adequada dos
vultuosíssimos investimentos que o PRR (Plano de Recuperação e
Resiliência) proporciona e que fará com que o rigor que isso exige seja
substituído pela agitação e a precariedade que o tempo eleitoral
gerará”, adverte o presidente do PS.No
mesmo texto, Carlos César afirma compreender “a discussão sobre a
natureza e dimensão da despesa orçamental, ainda que com limites e
equilíbrios menos rígidos”, mas levanta dúvidas sobre os objetivos da
discussão paralela em torna da revisão das leis laborais.“Não
vejo como se possa avaliar um Orçamento por aquilo que não depende dele
nem dele pode constar. É o caso da legislação laboral, que BE e PCP têm
colocado à cabeça de todas as negociações que têm ocorrido. Quem quer
colocar um problema, que só noutra ocasião e contexto pode ser colocado e
apreciado, não está centrado na discussão e aprovação do Orçamento de
que Portugal tanto precisa, mas sim na sua desaprovação e ou na censura e
no derrube do Governo e no termo da Legislatura”, critica o presidente
do PS.Carlos César adianta que seria “útil
e legítimo” que PCP e Bloco de Esquerda, “em devido tempo, insistissem
em discutir esses e outros aspetos, e, tal como o PS também entende,
chegarem a acordo para melhorar muitos dos seus constrangimentos ou
então divergir sobre isso”.“Portugal não é
um negócio entre partidos. Para nós, é uma missão que queremos que seja
bem sucedida”, acrescenta o presidente do PS.