CESA alerta que não pode substituir-se ao Governo dos Açores ou a quem o fiscaliza
4 de nov. de 2022, 10:15
— Lusa/AO Online
“O CESA [Conselho Económico e Social dos
Açores] exerce – sublinhe-se para que não sobrem dúvidas – as funções de
acompanhamento que estão previstas no modelo de governação do PRR
Açores. Neste âmbito, tanto o CESA como o seu presidente, desenvolveram e
continuam a desenvolver todas as iniciativas tidas por necessárias à
boa execução do PRR. Não pode, como é óbvio, substituir-se ao Governo
Regional, aos órgãos de controle e auditoria, ou mesmo a quem compete a
fiscalização política da atuação do Governo Regional”, refere aquele
organismo, em comunicado.O PS/Açores
criticou hoje o presidente do CESA, Gualter Furtado, por não ter atuado
para “corrigir o que se impunha corrigir” no processo das Agendas
Mobilizadoras do PRR.Agora, Gualter
Furtado, que assina a nota de imprensa, considera que as declarações dos
socialistas revelam, “no mínimo, algum desconhecimento e
irresponsabilidade”.Em causa está um
processo ligado ao PRR, conduzido pelo Governo Regional, que envolvia
uma alegada verba inicial de 117 milhões de euros para empresas
açorianas e que vários empresários disseram desconhecer, levantando
suspeitas sobre favorecimentos.“Oportunamente,
respondemos por escrito ao questionado pela Comissão de Inquérito à
Operacionalização das Agendas Mobilizadoras, designadamente que “o
presidente do CESA não foi informado por nenhuma entidade sobre a forma
como estavam a ser preparadas e divulgada as Agendas Mobilizadoras”,
salienta o organismo.O tema foi “abordado
pelo então Secretário Regional das Finanças, Planeamento e Administração
Pública, na reunião do plenário do CESA realizada a 26 de junho de
2021, sem que fossem, todavia, detalhados os pressupostos previstos para
a concreta operacionalização”, acrescenta. À
data, lembra, “ainda não estava estabelecido o modelo de governação do
PRR-Açores, e, sem prejuízo das funções consultivas que o CESA deve
desempenhar por força do seu diploma constitutivo, as competências para
acompanhamento do PRR-Açores” só foram criadas posteriormente, em
setembro.“Acresce dizer que o CESA é, por
definição, um órgão colegial que exerce a sua ação consultiva de forma
independente e, dentro do quadro legal previsto, as posições do CESA são
expressas em deliberações do plenário”, lê-se na nota.O
CESA recorda que, recentemente, o seu presidente referiu a “deficiente
comunicação do Governo Regional em relação às Agendas Mobilizadoras”,
bem como a “necessidade de recomeçar todo o processo por forma a
aproveitar a oportunidade concedida pelos fundos comunitários”.Na
segunda-feira, a comissão de inquérito do parlamento regional à
Operacionalização das Agendas Mobilizadoras do PRR nos Açores terminou
sem relatório, após a proposta do relator (PS) e as alterações sugeridas
pela coligação PSD/CDS-PP/PPM terem sido reprovadas.Em
causa, no processo das Agendas Mobilizadoras, estava uma alegada verba
inicial de 117 milhões de euros, financiada pelo PRR, destinada a
projetos de inovação, turismo e agroindústria, a que poderiam
candidatar-se as empresas açorianas que apresentassem projetos em
consórcio.A polémica gerada sobre alegados
favorecimentos a empresários levaram o presidente do executivo regional
a cancelar o processo, com a garantia de que as empresas açorianas não
perdiam “um cêntimo”.A comissão de inquérito foi pedida por PS, BE, PAN e IL em outubro de 2021.