Cerca de 90% dos docentes preocupados ou com medo de serem infetados nas escolas
Covid-19
30 de nov. de 2020, 11:58
— Lusa/AO Online
Mais de
cinco mil professores responderam ao inquérito da Federação Nacional dos
Professores, que tinha como objetivo perceber as condições de segurança
sanitária nas escolas e qual a perceção dos docentes.Apenas
9,5% disse sentir-se seguro nas escolas, segundo os dados divulgados
hoje do inquérito 'online' que terminou há menos de uma semana.Os
restantes 90,5% dos docentes dividem-se entre os que estão preocupados
(67,4%) e os que admitem mesmo ter medo de ser infetados (23,1%) por
considerarem que faltam condições nas escolas, indica o inquérito ao
qual responderam professores de todos os distritos do país.Um
dos problemas apontados pela maioria prende-se com a dimensão das
turmas, que não sofreu alterações, impedindo um maior distanciamento
dentro das salas de aulas, segundo as respostas que vieram de
professores de todos os níveis de ensino.Mais
de oito em cada dez docentes (83,7%) confirmam que o número de alunos
por turma se manteve inalterado, com apenas 6,1% a dizer que estão agora
mais pequenas. No entanto, 10,2% de professores revelam que o número de
alunos por turma aumentou este ano.No que
toca à limpeza dos espaços, o mais habitual é que os assistentes
operacionais só a façam ao final do dia, à semelhança do que já
acontecia antes da pandemia, segundo 59,9% das respostas dadas.Nesta
tarefa, as escolas passaram também a contar com a ajuda dos alunos e
dos próprios professores que limpam as salas entre cada utilização,
dizem 30,4% dos inquiridos. Apenas 40,1% das respostas indicaram que a
limpeza é feita pelo pessoal auxiliar entre cada utilização de espaços
da escola.A falta de assistentes
operacionais foi outra das falhas apontadas, com apenas 17,5% a dizerem
que há agora mais funcionários nas escolas. A grande maioria (64,3%)
afirmou que o número de assistentes se mantém inalterado e 18,5% apontou
mesmo que este ano há menos gente nas escolas.“Este
é um problema gravíssimo vivido pelas escolas, pois já antes da
pandemia o número de assistentes operacionais era escasso face às
necessidades”, alerta a Fenprof.Sobre o
programa do Governo de distribuição gratuita de máscaras pelas escolas,
os docentes confirmam que foram entregues, mas quase metade (46,3%)
queixou-se da quantidade ou da qualidade, apontando como defeitos, por
exemplo, o facto de os elásticos se partirem com muita facilidade.Finalmente,
os docentes queixam-se de que a sua atividade se tornou muito mais
exigente: agora são obrigados a usar máscara dentro da sala de aula e a
um afastamento que não é habitual nas escolas.“No
contexto de pandemia que vivemos, as aulas decorrem de forma atípica,
com os professores a não poderem aproximar-se dos alunos, a trabalharem
de máscara, a não encontrarem os seus colegas com a frequência habitual,
o que leva 83,4% a considerar que a atividade docente, nestas
condições, é muito mais exigente. Só 16,1% afirma ser semelhante e 0,5%
(residual) diz haver menor exigência”, revela o inquérito que contou
também com a participação de docentes não sindicalizados na Fenprof.As
razões que levam os professores a sentirem-se preocupados ou mesmo com
medo estão relacionadas com as “insuficientes condições existentes nas
escolas”, cujos problemas não são culpa de quem trabalha nos
estabelecimentos de ensino mas sim da tutela, lembra a federação.Por
isso, a Fenprof volta a exigir ao Ministério da Educação um reforço das
condições de segurança sanitária, a aprovação de medidas de prevenção,
como a realização de testes, e a “transparência sobre a situação
epidemiológica” nas escolas.“Num momento
em que o número de escolas com registo de casos de covid-19 está a
atingir o milhar, é difícil acreditar que só existam surtos em 68 ou 94
casos (últimos dados oficiais divulgados)”, acusa.A
falta de condições nas escolas durante a pandemia é um dos motivos que
levou a Fenprof a anunciar na passada sexta-feira uma greve nacional
para 11 de dezembro.