Cerca de 80 candidatos apresentam-se às presidenciais de 28 de junho
Irão
4 de jun. de 2024, 21:36
— Lusa/AO Online
Personalidades
conversadoras, algumas da corrente ultraconservadora, moderados,
diversos religiosos de segunda linha e quatro mulheres entraram na
corrida, indicaram os ‘media’ oficiais na segunda-feira, último dia para
a apresentação das candidaturas. Mahmoud
Ahmadinejad é o candidato mais conhecido e aos 67 anos procura regressar
ao cargo de Presidente, que ocupou entre 2005 e 2013. Os seus dois
mandatos consecutivos estão associados a declarações implacáveis sobre
Israel e fortes tensões com o ocidente, sobretudo em torno do programa
nuclear iraniano. Dois outros veteranos da
República islâmica estão na competição: Ali Larijani, antigo presidente
do parlamento e considerado moderado, e Said Jalili, antigo negociador
ultraconservador do ‘dossier’ nuclear. O
presidente do município de Teerão, Alireza Zakani, o antigo governador
do Banco central, Abdolnasser Hemmati, e Eshaq Jahangiri, antigo
primeiro-vice-presidente de Hassan Rouhani (na presidência entre 2013 e
2021) também apresentaram a sua candidatura. Na
segunda-feira, um dos últimos a depositar a sua participação foi o
presidente conservador do parlamento, Mohammad-Baqer Qalibaf. Nas suas
declarações, disse estar em condições de resolver “os problemas” que o
Irão enfrenta, citando “a pobreza”, “as desigualdades”, o acesso à
“internet” e as “sanções” impostas pelos Estados Unidos. Pelo contrário, Mohammad Mokhber, presidente interino desde a morte de Raisi, não se declarou candidato. A
aceitação das candidaturas depende de uma autorização final proveniente
do Conselho dos guardas da Constituição, um órgão não eleito dominado
pelos conservadores. Os seus 12 membros –
seis religiosos nomeados pelo Guia supremo e seis juristas – vão decidir
até 11 de junho quem está autorizado a entrar em campanha, que se
iniciará no dia seguinte. Nas eleições de
2021, esta instância apenas autorizou sete das 592 candidaturas,
eliminando numerosas personalidades reformistas e moderadas e permitindo
uma folgada vitória à primeira volta de Ebrahim Raisi, candidato do
campo conservador e ultraconservador. Perante
esta situação, muitos eleitores optaram por não comparecer nas
assembleias de voto, registando-se a mais baixa taxa de participação em
eleições presidenciais (49%) desde a revolução islâmica de 1979. Entre os candidatos que agora se apresentam, Ahmadinejad foi desclassificado nas eleições de 2017 e 2021, e Larijani em 2021. Nenhuma
mulher estava autorizada a candidatara-se desde o início da República
islâmica, mas em 2021 o Conselho dos guardas reverteu essa decisão ao
considerar não existir qualquer obstáculo jurídico. Este ano, a antiga deputada Zohreh Elahian espera obter autorização após ter apresentado a sua candidatura. Esta
física de 56 anos defende o uso obrigatório do véu islâmico para as
mulheres e solidarizou-se com a firmeza do Governo face às manifestações
durante o vasto movimento de protesto que abalou o país no final de
2022 após a morte de Masha Amini. Três
outras ex-deputadas estão na corrida, incluindo a reformadora Hamideh
Zarabadi, que na segunda-feira se apresentou com um véu colorido. Ao
contrário da maioria dos países, o Presidente não é o chefe de Estado,
função antes atribuída ao Guia supremo, atualmente o ‘ayatollah’ Ali
Khamenei, 85 anos e no cargo há 35 anos. No
entanto, o Presidente desempenha uma função importante na direção do
Governo e da sua política, devido à inexistência do posto de
primeiro-ministro. Cinco dos oito presidentes desde 1979 eram provenientes dos círculos religiosos. Para
ser eleito à presidência é necessário ter uma idade entre os 40 e os 75
anos, titular de pelo menos um mestrado universitário e ser leal à
República islâmica. Na segunda-feira,
durante um discurso, o ‘ayatollah’ Khamenei apelou a uma participação
“em grande número” nas presidenciais, por se tratar de um “assunto
importante”.