Cerca de 30 pessoas protestam no Novo Banco em Lisboa contra despejos por penhora
28 de jan. de 2020, 13:18
— Lusa/AO Online
“Novo Banco: recebe milhões,
mas penhora casas e despeja pessoas, não pode ser!”, lê-se na faixa
erguida pelos manifestantes, que estão desde as 10:30 concentrados junto
à sede desta instituição bancária.Em
declarações à agência Lusa, António Gori, da Habita! – Associação pelo
direito à habitação e à cidade, disse que o protesto conta com a
participação de 30 pessoas solidárias com a situação das duas famílias
em risco de despejo e adiantou que estão a decorrer reuniões de
negociação entre as pessoas afetadas e administrativos do Novo Banco.Considerando
que as reuniões “não são suficientes” para que o problema seja
solucionado, António Gori referiu que o protesto vai continuar “até que
haja uma garantia de suspensão dos despejos e que seja aberto um
processo de negociação com as famílias afetadas”.Enquanto
as reuniões decorrem no balcão do Novo Banco, os manifestantes estão
concentrados em frente à sede da instituição bancária, numa ação de
protesto organizada pelas associações Habita e Stop Despejo.A
Lusa questionou o Novo Banco sobre o protesto e que soluções estão a
ser estudadas para dar respostas às famílias em risco de despejo,
aguardando ainda resposta.Em comunicado
conjunto, a Habita e a Stop Despejo criticaram a intervenção dos bancos
como “atores determinantes do processo de financeirização da habitação”,
no âmbito da política de habitação em Portugal, com a entrega de
dinheiro público aos bancos para bonificar os juros dos empréstimos para
compra de casa.“Nesta bonificação de
juros foram gastos mais de 7.000 milhões, quase 75% de todo o dinheiro
investido pelo estado em habitação, quase cinco vezes o que foi gasto em
programas de realojamento ou na promoção de habitação pública, que
obtiveram menos de 1500 milhões”, apontaram as associações, referindo
que “o Novo Banco já recebeu do Estado 3.900 milhões de euros e vai
receber este ano mais 600 milhões, em grande contraste com os 135
milhões de euros orçamentados para a habitação”.Para
a Habita e a Stop Despejo, o incentivo à compra de casa própria foi
“uma enorme ajuda aos bancos”, porque criou um sistema para construir
casas que ficaram vazias e permitiu sobreavaliar as casas para empolar
os empréstimos, levando ao descalabro do crédito mal parado associado à
crise financeira.O conhecimento deste
sistema “não impediu que no fim muitas pessoas perdessem as casas e
ainda assim mantivessem as dívidas”, alertaram as associações,
considerando “vergonhoso” que o Estado continue a “injetar capital em
bancos privados suspeitos de fraude”.