24 de dez. de 2024, 09:15
— Sandra Moutinho /Lusa/AO Online
Segundo
o investigador do Instituto História, Territórios e Comunidades, da
Universidade Nova de Lisboa, que há 25 anos mergulha e estuda os achados
subaquáticos, a base de dados que elaborou identificou 8.620 naufrágios
neste território marítimo. “Tenho cerca
de 7.500 navios para a costa continental, cerca de 1.000 para os Açores e
120 navios para a costa da Madeira. Eles perderam-se lá”, contou,
explicando que se trata de navios posteriores a 1500, altura em que
passou a existir documentação.Esta identificação é o primeiro passo, um ponto de partida para ir atrás do navio.E
contou que quando estava nos Açores, encontrou referência, numa nota de
rodapé, à perda de uma nau capitania de 1615 - Nossa Senhora da Luz, no
Faial. “Quis encontrar esse navio. Levei
quatro anos a pesquisar em vários arquivos e, passados esses quatro
anos, mergulhei e no primeiro mergulho que fiz encontrei o ponto do
naufrágio”, disse.“Quando surgiram as
empresas de caça ao tesouro a bater à porta do Governo regional dos
Açores, o nosso maior drama foi que nós não sabíamos quantos navios e
onde é que eles estavam. Sabia-se, suspeitava-se, mas o nosso
conhecimento era zero”, contou.A situação é
hoje diferente e é precisamente a partir desta base de dados que
Alexandre Monteiro afirma que existem cerca de 250 navios com tesouros
que se perderam nas águas territoriais dos Açores, da Madeira e da costa
continental portuguesa e que lá continuam.“Eu
sei que em frente a Troia há um navio espanhol de 1589, chamado de
Nossa Senhora do Rosário. Investiguei e até sei o nome da mãe do
comandante e estão lá oficialmente 22 toneladas de ouro e prata”,
revelou.Questionado sobre se o Governo
português tem conhecimento desta informação, o investigador disse que a
mesma está publicada, mas que ninguém fez nada.Sobre
o risco de estes tesouros estarem à mercê dos caçadores de tesouros,
Alexandre Monteiro referiu que “é difícil, porque aquilo vai estar tudo
debaixo da areia”. “Eu, se estivesse um mês a fazer o projeto, encontrava o navio”, assegurou.E
lamentou: “Sabemos que existem 250 navios com tesouros e sabemos que,
mais tarde ou mais cedo, uma obra portuária, qualquer coisa vai
encontrar uma coisa destas. Não há um plano de contingência para
proteger um achado destes”.