Cerca de 21 milhões de crianças não foram vacinadas em 2023 e cobertura está abaixo de 2019
15 de jul. de 2024, 10:37
— Lusa/AO Online
O alerta consta de um relatório
da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef) divulgado hoje com dados sobre a cobertura mundial
da vacinação e que indica que ainda não foram alcançados os níveis
globais de 2019, o ano antes do início da pandemia de covid-19.“Dos
dados de 2023 que os países e regiões submeteram, o que sabemos é que a
cobertura de imunização global ainda não recuperou totalmente da
histórica queda que vimos durante a pandemia e, de facto, em 2023 o
incremento da cobertura estagnou, comparando com 2022”, salientou
Katherine O’Brien, diretora do departamento de imunização da OMS, em
conferência de imprensa.Segundo os dados
das duas agências, o número de `doses-zero´ - crianças que não receberam
uma única dose de vacina durante o programa de imunização de rotina –
aumentou de 13,9 milhões em 2022 para 14,5 milhões em 2023, muito acima
das 12,8 milhões em 2019.Além destas,
outros 6,5 milhões de crianças não receberam a segunda e terceira doses
da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTP).No
conjunto, entre as “dose-zero” e a sub-imunização, são 21 milhões de
crianças em 2023 que estão nessa situação, mais 2,7 milhões do que antes
da pandemia, quando eram 18,3 milhões, alertaram a OMS e a Unicef.Mais
de metade dessas crianças – 55% - vivem em países com condições
vulneráveis ou em conflito, apesar de representarem apenas 28% do global
de nascimentos, como Nigéria, Etiópia, Paquistão, Iémen e Afeganistão,
entre outros, salientou Ephrem Lemango, chefe da área da imunização da
Unicef.Katherine O’Brien realçou que as
crianças que vivem nestes ambientes debatem-se também com falta de
segurança, de nutrição adequada e de cuidados de saúde, elevando a
probabilidade de virem a morrer de uma doença prevenível pela vacinação,
se forem infetados.A especialista da OMS
alertou ainda que as crianças que ficam subimunizadas estão, na prática,
a perder vacinas contra várias doenças como o sarampo, a meningite e
febre amarela.O relatório agora divulgado
indica também que, em 2023, 84% das crianças a nível global – 180
milhões – receberam as três doses da vacina contra a difteria, tétano e
tosse convulsa (DFT), que é considerada um indicador do programa de
imunização. Essa percentagem não melhorou
em comparação com 2022 e ainda está aquém do objetivo de 90% previsto na
Agenda da Imunização 2030.Na conferência
de imprensa, Katherine O’Brien salientou que os dados agora conhecidos
também apresentam aspetos positivos, como a diminuição das “dose-zero”
em África.Além disso, a administração da
terceira dose da vacina DTP aumentou nas Américas e em África e nos
países de baixo rendimento, onde os sistemas de saúde sofreram mais com a
pandemia, verificou-se uma evolução ligeira dos níveis de imunização.A
especialista destacou ainda o aumento da cobertura global em 2023 da
vacina HPV, contra o vírus papiloma humano, ano em que 27% das raparigas
receberam a primeira dose, mais 7% do que 2022, através da sua
introdução em países populosos como Bangladesh, Indonésia e Nigéria,
apoiada pela aliança GAVI.