Cerca de 20% dos dentistas portugueses emigrados e alunos estrangeiros duplicaram
18 de set. de 2019, 08:34
— Lusa/AO Online
Os dados constam de um estudo da Ordem dos
Médicos Dentistas, que aponta para mais de 1.500 profissionais a
trabalhar em exclusivo noutros países. Cerca de 9.300 dentistas
portugueses trabalham em Portugal e há 327 que trabalham em simultâneo
em Portugal e no estrangeiro.“Fizemos um
inquérito mais detalhado e o número de médicos dentistas a exercer fora
de Portugal é substancialmente superior ao que era declarado nas
estatísticas da Ordem. Pelo menos 1.500 teremos a exercer fora de
Portugal (…). Significa que uns 20% dos nossos médicos dentistas estão a
exercer no estrangeiro”, afirmou em entrevista à agência Lusa o
bastonário dos Médicos Dentistas.Orlando
Monteiro da Silva indica que “Portugal não consegue reter os seus
médicos dentistas porque não tem condições remuneratórias e de exercício
da profissão para que fiquem no país”, além de ter um “problema de
literacia e acesso à saúde oral”, com muitos portugueses sem acesso a
cuidados.Inglaterra, França, Suíça ou
Alemanha são alguns dos principais destinos dos dentistas portugueses e
fora do espaço europeu começa a aumentar a emigração para os Estados
Unidos ou os Emirados Árabes Unidos.A par
disto, o número de estudantes estrangeiros a estudar medicina dentária
nas faculdades portuguesas tem aumentado de forma significativa,
representando os estudantes estrangeiros já cerca de um terço do total,
segundo os dados do novo estudo da Ordem, que será hoje divulgado com
indicadores que reportam ao final do ano passado.Os
estudantes estrangeiros de medicina dentária de todas as faculdades
portuguesas são já 33% do total, quando em 2015 representavam apenas
15%. Há mesmo uma das universidades que tem mais estrangeiros do que
portugueses a frequentar o curso de medicina dentária - o Instituto
Universitário de Ciências da Saúde, no Norte do país.“Aumentou
o número de estudantes nas faculdades. Diminuíram os portugueses e
aumentaram os estrangeiros. Há alguns anos, os estudantes eram quase
todos portugueses e iam ficar a exercer em Portugal. Em cinco ou seis
anos tudo mudou radicalmente”, sublinha o bastonário dos Médicos
Dentistas.A maioria dos estudantes
estrangeiros tem nacionalidade francesa, espanhola ou italiana, sendo
que, terminado o curso, regressam ao país de origem para trabalhar.Orlando
Monteiro da Silva entende que se trata de uma mudança de paradigma nas
universidades, que reflete o reconhecimento internacional do ensino da
medicina dentária.O bastonário recorda que
Portugal tem já um rácio de médicos dentistas abaixo do que é
determinado pela Organização Mundial de Saúde, que recomenda um dentista
por 1.500 a 2.000 habitantes. O país apresenta um médico dentista a
exercer por 1.058 habitantes.“É um rácio
que na prática é ainda mais baixo. Desses mil habitantes, cerca de 300
ou 400 não acedem regularmente à medicina dentária e à saúde oral”,
sublinha o representante dos médicos dentistas.A
Ordem vai lançar uma campanha nacional em que pretende precisamente
promover a literacia, recordando que a saúde oral é parte da saúde em
geral e é também qualidade de vida.