Cerca de 20% da área resinada no país ardeu
23 de out. de 2017, 14:43
— Lusa/AO online
Os dados provisórios apontam para um
milhão de bicas queimadas pelos fogos que afetaram o país este ano,
disse hoje à agência Lusa o presidente da Associação de Destiladores e
Exploradores de Resina (Resipinus), Hilário Costa.Para além de
ter desaparecido cerca de 20% da área que estava a ser resinada, foram
também queimados muitos outros pinhais e "pinhais jovens" que seriam
explorados "daqui a dois ou três anos", explicou o responsável pela
associação, frisando que as áreas ardidas só poderão voltar a ser
resinadas "daqui a 20 ou 30 anos".No imediato, haverá "pelo menos 200 postos de trabalho diretos" afetados, sendo que quem mais sofre são os resineiros, contou."Quando
é destruída uma máquina, amanhã substitui-se. Com um pinheiro, não é a
mesma coisa. O desemprego é permanente", face à demora na reposição da
matéria-prima, realçou Hilário Costa.Segundo o presidente da
Resipinus, o setor estava numa rota de crescimento desde 2010, sendo que
na zona da Beira Interior, que no passado era uma grande produtora de
resina, voltava-se agora a apostar neste setor."Foi acabar com
essa esperança", salientou, referindo que muitos dos resineiros que
trabalhavam na área em 1980 e 1990 (quando Portugal era o segundo maior
produtor de resina no mundo) tinham passado a dedicar-se à construção
civil, tendo agora regressado à área face à crise que afetou o setor da
construção.De acordo com Hilário Costa, o setor da resina não foi
abrangido pelas medidas de apoio do Governo às empresas afetadas pelos
incêndios.A Resipinus já apresentou junto deste e de anteriores
governos projetos para ajudar o setor, nomeadamente reconhecer o
resineiro como membro de defesa da floresta contra incêndios."O
resineiro é o agente económico que mais tempo passa na floresta durante o
verão. É alguém que está assiduamente na floresta e que tem todo o
interesse em que a floresta não arda", aclarou.Para Hilário
Costa, poderiam ser criados núcleos de quatro resineiros "com áreas de
vigilância de 1.500 hectares", dentro dos quais explorassem 100
hectares.Na quinta-feira, às 16:00, há uma assembleia
extraordinária da Resipinus, em Leiria, para debater o flagelo dos
incêndios no setor.