"CEO quis demitir motorista que falou sobre uso do carro da empresa por familiares"
TAP
6 de abr. de 2023, 07:33
— Lusa/AO Online
Durante
a inquirição da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, na
comissão de inquérito à TAP, Alexandra Reis explicou que, em 21 de
dezembro de 2021, a presidente executiva abordou-a sobre um motorista
que não estava vacinado contra a covid-19 e que, por isso, não poderia
continuar na empresa.De acordo com
Alexandra Reis, trata-se do mesmo motorista que partilhou “com alguma
candura” que um outro motorista estaria a fazer uma deslocação “não
diretamente para a CEO”.Mariana Mortágua tinha perguntado se tinha havido alguma retaliação a este motorista por ter falado.“Ele
nunca seria despedido por não se ter vacinado, porque a vacinação em
Portugal não é obrigatória e, por isso, a TAP nunca iria despedir
ninguém por não se ter vacinado, isso não iria acontecer”, explicou a
ex-administradora da companhia aérea, acrescentando que chegou a ser
equacionada a mudança de funções do trabalhador em causa.Após
diligências levadas a cabo por Alexandra Reis, “o motorista manteve a
sua função naquele lugar, porque muito rapidamente entendeu que a
vacinação ia ser importante para que pudesse continuar a desempenhar
aquelas funções”.“O senhor presidente do
Conselho de Administração impôs muito rapidamente uma regra relativa à
utilização das viaturas e dos motoristas para situações pessoais, a
generalidade dos administradores não o fazia”, acrescentou a
ex-secretária de Estado.Questionada mais
tarde pelo deputado Filipe Melo, do Chega, se tinha conhecimento de uma
relação familiar entre o referido motorista e um presidente de um
sindicato da TAP, Alexandra Reis disse que soube da relação já depois de
sair da empresa.Este assunto surgiu na
sequência de perguntas de Mariana Mortágua sobre “tensão” com a
presidente executiva “relacionada com a contratação de pessoas”,
referida na audição por Alexandra Reis.“A
partir de junho de 2021, a minha expectativa era que, estando o
redimensionamento da empresa feito, tendo sido atingidas as métricas
previstas no plano de reestruturação, […] no meu entendimento, é que a
partir daquela data era muito importante que a empresa tivesse
estabilidade e tranquilidade, que as pessoas que decidiram ficar na
empresa, mesmo com corte salarial, tivessem a estabilidade de saber que o
redimensionamento tinha terminado”, explicou a ex-administradora.Segundo
Alexandra Reis, “houve algumas situações onde pode ter sido sugerido
que a pessoa A não era a pessoa certa, tinha de sair”.“Eu,
na altura, entendia que tinha de se encontrar soluções para aquela
pessoa dentro da organização”, realçou a ex-administradora.