Centros de saúde sem vacinas da gripe têm de esperar até ao fim do mês
11 de nov. de 2020, 12:16
— Lusa/AO Online
“O
Ministério da Saúde lançou uma campanha de propaganda dizendo que, este
ano, iria antecipar a vacinação. Criaram expectativas, fizeram-se os
agendamentos nos centros de saúde que agora não têm vacinas”, disse à
Lusa o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, criticando a “ânsia de
propaganda” do Governo.Os centros de saúde
receberam um ‘e-mail’ da respetiva Autoridade Regional de Saúde (ARS)
avisando que só haverá novo ‘stock’ no final do mês.Alguns
centros de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo receberam a seguinte
comunicação: "Não façam mais pedidos de vacinas da gripe até nova
indicação. Apenas está previsto que chegue novo fornecimento de vacinas
nos fins de novembro".Nas restantes
regiões de saúde a situação é idêntica, garantiu Jorge Roque da Cunha,
sublinhando que serão “pontuais” os centros de saúde onde ainda é
possível ser vacinado.Também a ARS Norte
enviou uma comunicação oficial para os centros de saúde explicando
que "as 112.386 doses de vacina da gripe que falta entregar, só serão
entregues, nos armazéns centrais da ARS Norte, a partir do próximo dia
30 de novembro", segundo informação que o SIM colocou na sua página
oficial.Além de terem de adiar quem já
tinha marcação, Jorge Roque da Silva lamentou que também se perca a
oportunidade de aproveitar a presença dos doentes nos centros de saúde
para tratar de vários assuntos ao mesmo tempo, reduzindo as visitas aos
serviços de saúde “nesta época difícil de pandemia”.O
presidente do SIM que é também médico no centro de Saúde de Camarate
deu como exemplo o seu caso: na consulta de terça-feira teve dois
doentes diabéticos e um utente com mais de 65 anos que não puderam ser
vacinados.“Nós queremos aproveitar para
estar com os doentes e, já que estão cá, fazem a vacina, é o que
chamamos no jargão de “vacina oportunística”. Mas, a verdade é que não
havia vacinas disponíveis”, lamentou.Além
disso, adiar quem já tinha vacina marcada pode “criar problemas sérios
na relação médico e utente, porque ficam a pensar que há privilegiados
na toma da vacina”, alertou.O problema não
se restringe aos centros de saúde. Também faltam vacinas nas farmácias,
alertou Jorge Roque da Cunha, que enquanto falava com a Lusa entrou
numa farmácia onde lhe foi comunicado que tinham “uma lista de espera de
mais de 300 pessoas”.A escassez de vacinas nos centros de saúde e farmácias é muito pior do que em anos anteriores, criticou.O
presidente do SIM criticou a “ânsia de propaganda” do Governo que, este
ano, “veio dizer que antecipava a vacinação e afinal acabou por atrasar
o seu período”.As farmácias tentaram sem
sucesso aumentar a compra de vacinas da gripe, cuja procura subiu 21% a
meio de outubro, segundo dados da Associação Nacional de Farmácias
(ANF).As farmácias conseguiram este ano
440 mil doses, menos 160 mil do que no ano passado. "Os distribuidores
grossistas receberam pedidos de fornecimento de vacinas, por parte das
farmácias, cinco vezes superiores ao que vão conseguir fornecer este
ano", indicou a ANF em declarações à Lusa.Até
final de outubro, tinham sido vacinados nas farmácias 234 mil
portugueses, menos 64 mil do que em igual período do ano passado.Além
das vacinas da gripe adquiridas diretamente, as farmácias receberam 200
mil vacinas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para administração a
cidadãos a partir dos 65 anos.Segundo
dados disponibilizados na semana passada pela ministra da Saúde, no
parlamento, tinham sido vacinados um milhão de portugueses e havia ainda
800 mil vacinas em 'stock'.Até 03 de
novembro tinham sido entregues ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) 1,8
milhões de vacinas e estavam em entrega 270 mil vacinas para a semana de
30 de novembro a 06 de dezembro.A
campanha de vacinação do SNS arrancou em 28 de setembro, com uma
primeira fase que incluiu apenas as faixas da população consideradas
prioritárias, como residentes em lares de idosos, grávidas e
profissionais de saúde e do setor social que prestam cuidados.Na
segunda fase, que começou a 19 de outubro, a vacina passou a ser também
administrada a pessoas com 65 ou mais anos e pessoas com doenças
crónicas.