Centro europeu espera verão com maior liberdade de circulação na UE
Covid-19
14 de abr. de 2021, 11:27
— Lusa/AO Online
“Neste
momento, o que recomendamos é que se evitem as viagens não essenciais
porque […] a maioria dos países está numa situação que chamamos de séria
preocupação”, declarou em entrevista à agência Lusa o responsável pela
unidade de Emergência de Saúde Pública do ECDC, Piotr Kramarz.Numa
altura em que a mutação do vírus detetada no Reino Unido representa 75%
dos casos de infeção ao nível da UE e em que as estirpes identificadas
no Brasil e na África do Sul se continuam a difundir no espaço
comunitário, o responsável salientou que “a propagação destas variantes
preocupantes pode, pelo menos, ser atrasada ao se evitarem viagens
desnecessárias nesta fase”.Expectativa diferente tem o também chefe-adjunto do programa de doenças do ECDC para o próximo verão.“Creio
que ainda não haverá possibilidade de voltar à realidade antes da
pandemia” no verão, mas “se houver reduções na transmissão e,
especialmente se as populações em risco forem cada vez mais protegidas
dos graves resultados da covid-19 então, teremos mais liberdade” de
circulação, estima Piotr Kramarz.Claro que
“algumas medidas terão ainda de ser mantidas mesmo durante o verão,
como o distanciamento físico e o uso de máscaras em algumas situações”,
acrescentou o especialista.“O que mais nos
preocupa são os efeitos graves nas pessoas mais velhas e nas pessoas
que têm doenças crónicas”, que são aliás as camadas da população
prioritárias para a campanha de vacinação contra a covid-19 em curso na
UE.“Se não causar doenças graves [a infeção] é, claro, menos ameaçadora”, assinalou Piotr Kramarz.O
especialista pede, também, que os países atinjam “uma capacidade
suficiente de sequenciação genómica para detetar estas novas variantes”,
de forma a combatê-las.A posição de Piotr
Kramarz surge numa altura em que se discute, ao nível da UE, uma
proposta legislativa apresentada pelo executivo comunitário relativa à
criação de um certificado digital para comprovar a vacinação, testagem
ou recuperação da covid-19, um documento bilingue e com código QR que
deve entrar em vigor até junho para permitir a retoma da livre
circulação.A ideia de Bruxelas é que este
livre-trânsito funcione de forma semelhante a um cartão de embarque para
viagens, estando disponível em formato digital e/ou papel, com um
código QR para ser facilmente lido por dispositivos eletrónicos, e que
seja disponibilizado gratuitamente, na língua nacional do cidadão e em
inglês, de acordo com a proposta.Os setores do turismo e das viagens representam cerca de 10% do PIB europeu.Num
relatório divulgado em março, o ECDC sugeriu o alívio de restrições às
viagens - assentes em teste ou quarentena - para quem esteve infetado
com covid-19 nos seis meses antes de viajar, devendo manter outras
regras.O ECDC propôs também nesse
documento que, “para indivíduos que recuperaram recentemente de uma
infeção covid-19, um certificado confirmando a sua recuperação nos
últimos 180 dias […] poderia ser aceite como o equivalente ao teste
negativo SARS-CoV-2 que é exigido aos viajantes”.