Centro do Atlântico proposto por Portugal formalizado com 16 países
14 de mai. de 2021, 15:45
— Ana Carvalho Melo/Lusa
“Aquilo que nós estamos
hoje a celebrar é um momento inaugural de uma instituição pioneira, que
pela primeira vez na história reúne os países atlânticos em torno
daquilo que os une que é o oceano Atlântico. Parece estranho que isso
nunca tenha acontecido no passado”, avançou, em declarações aos
jornalistas, João Gomes Cravinho.O
ministro falava na Praia da Vitória, na ilha Terceira, à margem de um
exercício de simulação de um resgate no mar, numa situação de pirataria,
que envolveu a Marinha e a Força Aérea portuguesas.O
exercício encerrou um curso intensivo, iniciado na segunda-feira, na
base das Lajes, na ilha Terceira, sobre segurança marítima no golfo da
Guiné, que contou com a participação de 25 auditores de 13
nacionalidades.Esta foi a primeira
iniciativa organizada pelo Centro do Atlântico, que é hoje formalizado,
através de uma declaração política conjunta assinada por 16 países.
A sede do centro será instalada na
base das Lajes, na ilha Terceira, em infraestruturas desocupadas pela
Força Aérea norte-americana.
João
Gomes Cravinho disse que a proposta do Ministério da Defesa português,
lançada ainda pelo anterior ministro, Azeredo Lopes, foi “recebida de
forma muito espontânea, muito imediata” e “com grande satisfação” pelos
restantes países que integram o centro.“Aquilo
que estamos a propor aqui é, na realidade, uma nova perspetiva, uma
nova frente de apoio à paz e à estabilidade no oceano Atlântico, que é
tão importante para nós e para tantos outros países”, frisou.Segundo
o ministro da Defesa, o centro vai permitir um diálogo político “que
nunca aconteceu”, envolvendo todas as partes do Atlântico, mas também a
partilha de conhecimento entre universidades, centros de investigação e
forças armadas dos diferentes países e a capacitação e formação.“Tivemos
aqui esta semana o primeiro curso de muitos, esperemos, juntando
auditores e muitos países do Atlântico e professores de um elevado
número de países para criar um conhecimento partilhado”, reforçou.A
participação no centro é “aberta a todos os países do Atlântico”, tendo
como critério fundamental “o empenho na paz e na estabilidade do
Atlântico”.Para além de Portugal, assinam a
declaração conjunta Alemanha, Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha,
Estados Unidos da América, França, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné
Equatorial, Marrocos, Reino Unido, São Tomé e Príncipe, Senegal e
Uruguai.“Nós queremos
que a base das Lajes seja o epicentro do `Atlantic Centre´. Os cursos,
tal como aquele que hoje acaba, terão lugar aqui na base das Lajes, que
tem excelentes instalações e haverá um investimento do Ministério da
Defesa em novas infraestruturas”, avançou Gomes Cravinho.A
instituição, que chegou a chamar-se Centro de Defesa do Atlântico, foi
anunciada como uma forma de mitigação da redução militar norte-americana
na base das Lajes, iniciada em 2015, mas, questionado sobre os postos
de emprego que poderá vir a criar na ilha Terceira, o ministro disse que
ainda não é possível quantificar.“A
relevância do Atlantic Centre vai muito para além da mera ideia de criar
novos empregos para substituir empregos que entretanto desapareceram.
Alguns empregos virão, empregos qualificados, o que levará à fixação de
pessoas aqui na ilha Terceira, mas neste momento ainda é muito cedo para
poder quantificar. Daqui a alguns anos estaremos em condições de
responder a essa pergunta, mas alguns empregos, seguramente que sim”,
afirmou.
Bolieiro sublinha importância do centro na capacitação da defesa do AtlânticoO presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, sublinhou ontem as “condições únicas” da Região para a constituição do Centro do Atlântico, “importante centro de capacitação da defesa do Oceano Atlântico”. “Os Açores apresentam condições únicas para a instalação do Centro do Atlântico. Estamos em pleno centro do Atlântico norte e no centro do triângulo Europa-Américas-Africa. É, portanto, como presidente do Governo dos Açores, um enorme orgulho, ver instalado, na ilha Terceira, este importante centro de capacitação da defesa do Oceano Atlântico”, afirmou o governante, citado em nota do executivo regional.