Centro de Reprodução do São João quase duplica resposta na Procriação Assistida
4 de nov. de 2023, 12:54
— Lusa /AO Online
“Não temos lista de espera para indução da ovulação, para criopreservação da fertilidade e as inseminações intrauterinas. As transferências de embriões criopreservados estão dentro do normal. Estamos a fazer, em produção adicional, a FIV [fertilização in vitro], os ciclos de microinjeção os PGT [Diagnóstico pré-implantação]”, descreveu a diretora do CRI-MR do CHUSJ.Lembrando que “o problema das listas de espera é um problema geral do país também nesta área”, em entrevista à agência Lusa Sónia Sousa resumiu o desempenho de quatro meses de CRI-MR com otimismo e com um apelo: “Conseguimos diminuir a lista de espera e quase duplicar tratamentos. Para podermos aumentar ainda mais a resposta precisamos de mais instalações. O [conselho de administração do] hospital sabe isso e está sensível. Com instalações maiores, podemos contratar mais pessoas e fazer mais ciclos”.O CRI-MR do CHUSJ é o primeiro do género em Portugal. Uma das áreas mais procuradas é o do diagnóstico genético pré-implantação, uma vez que este é o único centro no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a fazer este tipo de testes. Recebe por isso utentes de todo o país, incluindo Madeira e Açores.Em causa está dar resposta a casais que têm alguma doença genética ou familiar e pretendem não a transmitir aos filhos.Sónia Sousa descreveu que neste CRI “é feito um tratamento, os embriões são biopsiados ao quinto dia e as células são analisadas para se ver quais os embriões que não são portadores da mutação responsável pelo gene”.“Temos uma lista de espera bastante grande, mas neste momento até essa estamos a conseguir diminuir”, referiu.O Hospital de São João faz este tipo de diagnósticos desde 1998. Os primeiros testes foram a alterações cromossómicas e à paramiloidose.Agora fazem também a outras doenças como a Machado de Joseph ou a hemofilia.Alguns destes procedimentos gozam da colaboração da equipa de genética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.Sónia Sousa destacou, também, o “grande adianto” dado à lista de espera das FIV, sendo objetivo “atingir até menos de um ano de lista de espera”.“Há um problema que não conseguimos resolver que é o dos casais que têm de recorrer a dador porque é necessário pedir os gâmetas aos banco público e aí a lista de espera é à volta de três anos”, contou a diretora.Em causa está o facto do número de dadores ter diminuído sem acompanhar o aumento de procura que aconteceu recentemente, nomeadamente dada a inclusão na lei de acesso dos casais de mulheres e das mulheres sozinhas.“Não temos autonomia nessa matéria”, disse a responsável do CRI-MR do CHUSJ, apelando ao incremento das ações de sensibilização e divulgação, por exemplo junto das faculdades.Em tratamentos de primeira linha, com este CRI a resposta do CHUSJ passou a ser imediata.Já em tratamentos de segunda linha, antes da criação do CRI-MR eram 680 os utentes em espera. Com o CRI-ME, a redução da lista de espera supera os 50% (323 utentes em espera).Quanto a tempo de consulta, antes da criação do CRI-MR a espera rondava os oito meses, o que ultrapassava os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG).“Atualmente não temos nenhum utente fora do TMRG”, referiu Sónia Sousa.O CRI-MR do CHUSJ tem cinco médicos, seis biólogos, três enfermeiros, dois administrativos e um assistente operacional.“Temos uma equipa muito dedicada. E quantas vezes recebemos visitas de pais para dar a conhecer os bebés”, contou a diretora a apontar para quadros de fotografias e desenhos de crianças, lamentando que a pandemia da covid-19 tenha, no entanto, mudado alguns hábitos.“É, na mesma e cada vez mais, um trabalho muito reconfortante. Portugal precisa de bebés”, concluiu.