Centro de Odessa na lista do Património Mundial da UNESCO
25 de jan. de 2023, 17:51
— Lusa
A decisão, tomada pelo
Comité do Património Mundial, descreve Odessa como uma “cidade livre,
cidade mundial, porto lendário que marcou o cinema, a literatura e as
artes e encontra-se assim sob a proteção reforçada da comunidade
internacional”.Face à invasão russa em 24
de fevereiro do ano passado, esta inscrição demonstra a determinação
coletiva do Comité no sentido de ser preservada “de mais destruição”,
disse Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, citada em comunicado da
organização.Nos termos da Convenção do
Património Mundial, os 194 Estados Partes na Convenção comprometem-se a
não tomar qualquer medida deliberada que possa causar danos direta ou
indiretamente ao local do Património Mundial e a contribuir para a sua
proteção. Ao ser inscrito na Lista do
Património Mundial em perigo, o Centro Histórico de Odessa terá direito a
assistência técnica e financeira internacional reforçada, que a Ucrânia
pode solicitar “de forma a garantir a proteção do património e, se
necessário, ajudar na sua reabilitação”. “Diante
das ameaças à cidade desde o início da guerra, o Comité do Património
Mundial utilizou um procedimento de emergência previsto nas Diretrizes
Operacionais da Convenção do Património Mundial”, refere-se no
documento.Especialistas ucranianos e
internacionais, com o apoio da Itália e da Grécia, trabalharam com a
agência das Nações Unidas para a colaboraçã internacional na arte e
cultura, a UNESCO, para preparar esta inscrição, cuja candidatura foi
oficializada em outubro pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Nos últimos meses, revelou a UNESCO,
medidas de emergência no terreno foram tomadas para ajudar a proteger a
cidade e contribuiu para a reparação de danos infligidos no Museu de
Belas Artes e no Museu de Arte Moderna desde o início da guerra
“A Organização também forneceu equipamentos para a digitalização de
cerca de mil obras de arte e do acervo documental do Arquivo do Estado
de Odessa. Também foram entregues equipamentos para proteger os
edifícios, bem como as obras de arte ao ar livre”, prossegue o
documento, indicando que estas medidas fazem parte de um plano de ação
geral da UNESCO na Ucrânia, no valor de 16 milhões de euros para
educação, ciência, cultura e informação.As
tropas russas não chegaram a esta cidade situada no sul da Ucrânia,
embora tenham sido travados combates a poucas dezenas de quilómetros.A
cidade e seus arredores balneares foram no entanto visados por ataques
aéreos e, apesar de uma aparente normalidade, as sirenes de alarme aéreo
tocam com frequência.O porto de Odessa,
principal porta de saída de produtos da Ucrânia, nomeadamente cereais e
fertilizantes, esteve bloqueado vários meses pelas frotas russas no Mar
Negro, situação apenas resolvida em agosto, graças a um acordo
estabelecido entre as autoridades de Kiev, Moscovo, Ancara e Nações
Unidas. A ofensiva militar lançada a 24 de
fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de
mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e
quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais
recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a
pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).Neste
momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3
milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.A
invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a
necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança
da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade
internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e
imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.A
ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.068 civis
mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém
dos reais.