Centro de Interpretação de Aves Selvagens do Corvo recebe mil visitantes por ano
15 de dez. de 2025, 10:20
— Lusa/AO Online
“Temos tido
uma média próxima das mil visitas anuais. Em 2022, foram cerca de 800,
aumentou em 2023 para mil, em 2024 outra vez 800 e, agora, só neste
terceiro trimestre de 2025, já vamos nas mil”, disse hoje à agência Lusa
e à Antena 1/Açores Nuno da Silva Ferreira, diretor do serviço da ilha
do Corvo da Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática e
responsável pelo equipamento.Este ano,
pelos dados disponíveis, “a tendência foi aumentar o número de
visitantes”, disse, assinalando que estão em causa “visitantes
pagantes”.“Isso, para nós, é muito
relevante, porque a ilha do Corvo, tendo cerca de 400 habitantes,
estamos a falar de um número de visitas que duplica, ou quase triplica, o
número de habitantes da ilha”, acrescentou Nuno da Silva Ferreira.O
espaço foi inaugurado em 2007, com a denominação de Centro de
Interpretação Ambiental e Cultural da Ilha do Corvo, mas,
posteriormente, passou a ser Centro de Interpretação das Aves Selvagens
do Corvo.Esta valência do serviço de ilha
da Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática do Governo dos
Açores funciona de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 12h30 e das 13h30
às 17h00 locais (mais uma hora em Lisboa).Segundo
o responsável, as aves “são deveras importantes” para a ilha, daí que a
Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática, reconhecendo essa
importância, a tenha dotado com este complexo educativo. “O
Centro pode ser visitado por todos, está aberto todo o ano. Temos uma
visita interpretativa, onde são dadas informações acerca da ilha do
Corvo, sobre as aves que nos visitam, e temos um sistema 3D de visita
virtual. Portanto, é interessante, até mesmo para as crianças, é uma
visita dinâmica”, relatou.Segundo o
dirigente, a mais pequena ilha dos Açores é caracterizada pelas aves
migratórias e “muitas pessoas de todo o mundo” deslocam-se ali,
precisamente para as observar e fotografar.“Ainda
este ano, foi avistada cá uma ave, que é a Estrelinha de Fogo, que já
não era avistada há mais de 15 anos, e foi apenas a segunda [avistada]
no arquipélago dos Açores. Portanto, estamos a falar de aves de uma
raridade extrema. Para além disso, as aves marinhas têm um papel
fundamental, principalmente o Cagarro”, indicou.Ainda
segundo Nuno da Silva Ferreira, a Secretaria Regional do Ambiente
organiza a Campanha SOS Cagarro, cujo objetivo é mitigar os efeitos das
alterações climáticas e outros constrangimentos que possam afetar o
crescimento e a taxa de sucesso reprodutor desta ave.A Campanha SOS Cagarro decorre anualmente no arquipélago entre 15 de setembro e 15 de outubro.Ainda
em relação à preservação do Cagarro, o responsável recordou que a ilha
do Corvo foi pioneira em vários aspetos, salientando que a sua
iluminação é “totalmente em sistema LED, o que favorece a orientação
noturna das aves, porque o grande risco é o de queda”.“Tendo a iluminação LED […], nós diminuímos a ocorrência de quedas” de cagarros, esclareceu.A
ilha foi ainda pioneira no “apagão geral”, ou seja, no mês em que
decorre a Campanha SOS Cagarro as luzes da vila são desligadas durante
uma semana, no período noturno, quando as aves saem dos ninhos e se
dirigem para o mar. A ilha do Corvo é reserva da BIOSFERA desde 2007, Parque Natural e membro da rede da Organização das Pequenas Ilhas (SMILO).Por
outro lado, de acordo com Nuno da Silva Ferreira, a ilha está a apostar
nas boas práticas energéticas, tendo o Governo Regional açoriano
(PSD/CDS-PP/PM) investido na criação de um parque fotovoltaico e outro
eólico (a inaugurar em breve), que permitirá um abastecimento de 60% com
energia verde.Está ainda previsto um novo
investimento para dotar a ilha com um sistema de baterias para
acumulação de energia, podendo atingir os 90% de abastecimento através
de energia verde.Quando tal acontecer,
dado que a central elétrica que abastece o Corvo trabalha com diesel e o
seu transporte é, muitas vezes, condicionado pelo mau tempo, os
habitantes terão “uma tranquilidade e uma segurança a nível energético
muito maior” do que atualmente, salientou o diretor do serviço de ilha
da Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática.As ilhas do Corvo e das Flores fazem parte do grupo Ocidental dos Açores.