Centro de estudos em Coimbra quer aproximar os negócios dos direitos humanos
16 de jan. de 2018, 10:57
— Lusa/AO online
O
centro de estudos, investigação e formação é apresentado na
quarta-feira, às 17:00, na Coimbra Business School - ISCAC (Instituto
Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra), tendo como
desígnio abordar questões como a responsabilidade social, o comércio
internacional e a economia social, sensibilizando para temas como a
igualdade de género, a compatibilização da vida familiar e profissional,
a ética e a liberdade de consciência."Temos
a perceção de que em muitas empresas a preocupação com os direitos
humanos está presente, mas temos também consciência de que estamos a
caminhar para um mundo empresarial em que a cultura dominante não é
essa, em que a precariedade do trabalho é vista como regra e em que as
condições laborais são fator de competitividade", disse à agência Lusa o
presidente do ISCAC, Manuel Castelo Branco, considerando que o Centro
de Direitos Humanos e Negócios "é o contraponto" que pretende ajudar a
construir.Segundo
este responsável, o ISCAC tem tido "essa preocupação ao longo dos
últimos anos", mas admite que as instituições desta área, "infelizmente,
não refletem estes temas", considerando que o mundo, hoje, tem-se
"construindo não em oposição direta, mas com indiferença à prática dos
direitos humanos"."Os
programas e currículos deixaram de ter qualquer referencial ético,
político ou antropológico no que toca aos direitos humanos", notou.De
acordo com Manuel Castelo Branco, o público para este centro de estudos
será constituído por decisores políticos, empresários, gestores e
estudantes.Para
o diretor do Centro de Direitos Humanos da Universidade de Coimbra,
Jónatas Machado, o centro irá ter, sobretudo, um papel de formação,
referindo que serão abordadas problemáticas como a corrupção, a
responsabilidade social, a responsabilidade das empresas para com os
trabalhadores, assim como a responsabilidade fiscal."A
nossa preocupação vai ser claramente preventiva e ajudar essas empresas
a estarem mais autoconscientes das questões de direitos humanos que se
colocam. Vamos ajudar as empresas a fazerem o seu ‘check up' jurídico",
explicou o docente da Faculdade de Direito.Para
Jónatas Machado, os empresários, às vezes, "nem pensam em olhar para a
atividade empresarial em termos de direitos humanos", sendo que o centro
permitirá olhar para a atividade "com uns novos óculos", evitando "o
conflito e o litígio".De
acordo com o docente, há a possibilidade de no futuro o novo centro de
estudos trabalhar nestas áreas com parceiros de países de língua oficial
portuguesa.