Centrais sindicais aceitam novo estado de emergência sem prejuízo para trabalhadores
4 de nov. de 2020, 09:13
— Lusa/AO Online
"O Presidente da República quis ouvir-nos e
nós demos-lhe conta das nossa preocupações relativamente ao combate à
pandemia, à recuperação da economia e à situação que os trabalhadores
estão a viver. Concordámos com a possibilidade de um novo estado de
emergência para travar o surto mas não aceitamos que seja feito à custa
dos direitos dos trabalhadores", disse à agência Lusa a secretária-geral
da CGTP, Isabel Camarinha, depois de uma reunião com Marcelo Rebelo de
Sousa.O Presidente da República está a
auscultar os parceiros sociais, depois de ter ouvido os partidos
políticos, sobre a declaração de um novo estado de emergência para fazer
face à evolução da pandemia.A CGTP
defendeu junto de Marcelo Rebelo de Sousa que o combate à pandemia tem
de passar obrigatóriamente pelo reforço dos transportes públicos, pelo
cumprimento rigoroso das regras sanitárias nos locais de trabalho e pelo
reforço dos meios do Serviço Nacional de Saúde."Se
não forem tomadas estas medidas, para evitar surtos nos locais de maior
concentração de pessoas, o estado de emergência não conseguirá travar a
pandemia", disse Isabel Camarinha.A UGT
também disse ao Presidente que concordava com um novo estado de
emergência, mas direcionado para os concelhos mais afetados pela
pandemia e com condicionantes, como o recolher obrigatório, o
encerramento mais cedo dos restaurante e o teletrabalho generalizado."Não
vemos inconveniente num estado de emergência nestes moldes, é mais
inteligente", disse à Lusa o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.Segundo
o sindicalista, a UGT também defendeu junto de Marcelo Rebelo de Sousa
que, "caso seja agora decretado um novo estado de emergência, deve ser
feita uma avaliação dos seus resultados dentro de 15 dias" e não devem
ser abertas quaisquer exceções.O
primeiro-ministro propôs na segunda-feira ao Presidente da República que
seja decretado o estado de emergência - que pretende ver renovado por
um período alargado - "com natureza preventiva" para "eliminar dúvidas"
sobre a ação do Governo para a proteção dos cidadãos em relação à
pandemia da covid-19 em quatro áreas.As
quatro dimensões em que o executivo pretende um quadro jurídico mais
robusto são as restrições à circulação em determinados períodos do dia
ou de dias de semana, ou ainda entre concelhos; a possibilidade de
requisição de meios aos setores privado e social da saúde; a abertura
para a requisição de trabalhadores (seja no setor público ou no
privado), alterando eventualmente o seu conteúdo funcional, para
auxiliarem em missões consideradas urgentes no combate à pandemia; e a
legalidade da recolha de temperatura, seja no acesso ao local de
trabalho, seja no acesso a qualquer outro espaço público.O estado de emergência vigorou em Portugal entre 19 de março e 02 de maio.De
acordo com a Constituição da República, a declaração do estado de
emergência pode determinar a suspensão de alguns dos direitos,
liberdades e garantias, por um prazo máximo de 15 dias, sem prejuízo de
eventuais renovações com o mesmo limite temporal. Em
Portugal, os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus foram
detetados no dia 02 de março e até agora já morreram mais de 2.500
pessoas dos quase 147 mil casos de infeção confirmados, de acordo com
dados da Direção-Geral da Saúde.